A professora universitária do campus da Unesp de Botucatu (SP), detida enquanto retornava dos atos golpistas praticados por bolsonaristas no dia 8 de janeiro, em Brasília (DF), teve sua demissão publicada no Diário Oficial do Estado neste sábado (29).
Sandra de Moraes Gimenes Bosco estava afastada das atividades de ensino desde o dia 9 janeiro, quando se tornou alvo de um processo administrativo movido pela universidade.
A publicação que informa sua punição como resultado do procedimento administrativo não traz detalhes que fundamentem a decisão.
Ela foi procurada por meio de suas redes sociais para comentar sobre o que pretende fazer em relação à demissão, mas não respondeu até às 18h de sábado.
Sandra Bosco, desde 2010, atuava como professora junto ao Departamento de Microbiologia e Imunologia, da Unesp Botucatu, ministrando aulas para os cursos de medicina veterinária, zootecnia, biomedicina, medicina, enfermagem, nutrição e ciências biológicas, na graduação, além de pós-graduação de biologia geral e aplicada e medicina veterinária.
Sandra foi detida pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), enquanto retornava de Brasília em um ônibus junto com outros 44 bolsonaristas radicais, no quilômetro 35 da Rodovia Transbrasiliana (BR-153), em Onda Verde (SP).
Segundo a corporação, os passageiros do veículo possuíam marcas de balas de borracha nas pernas e confessaram que participaram da invasão ao Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF).
Com placas de Botucatu, o ônibus foi apreendido e encaminhado para a delegacia da Polícia Federal de São José do Rio Preto (SP), bem como os passageiros.
No mesmo dia, segundo a Polícia Rodoviária Federal, todos os passageiros foram ouvidos, qualificados e liberados.
Poucos dias antes dos ataques golpistas às sedes dos poderes, a professora universitária compartilhou nas redes sociais um folder chamando apoiadores bolsonaristas para participarem do ato em Brasília.
No comunicado, consta que o ônibus sairia do Largo da Catedral com destino à capital federal. Ainda segundo o banner, o deslocamento, intitulado "Caravana para Brasília", seria gratuito para os participantes.
O que disse a Unesp
Em nota, em janeiro, o Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu (IBB) "repudiou, com indignação, os atos de covardia e violência praticados em Brasília contra o patrimônio público".
A Unesp afirmou ainda, na ocasião, que "a democracia foi atacada juntamente com o povo brasileiro de bem" e que "o IBB não compartilha do posicionamento e atitudes de servidores públicos envolvidos em atos antidemocráticos".
O comunicado da instituição, por fim, afirmou que a Unesp Botucatu "não vai tolerar esse tipo de postura" e encaminhará "denúncia às instâncias competentes", incluindo o "envio dos arquivos presentes nas mídias sociais ao Ministério da Justiça pelo e-mail" e a "apresentação de uma denúncia ao Ministério Público".
A instituição ainda pontuou que abriu o processo administrativo "após o recebimento de denúncias via Ouvidoria da Unesp e parecer da Comissão de Ética da Universidade".(Do G-1)