Uma pesquisa inédita do Instituto Pólis identificou que 36% das famílias brasileiras gastam metade ou mais da metade de sua renda mensal para pagar as contas de luz e de gás.
O estudo ainda mostra que, entre a população mais pobre que tem renda familiar de até um salário mínimo e que faz parte da classe D/E, 30% deixam de comprar alimentos básicos como arroz, feijão, café e açúcar —ou então reduzem o consumo desses itens— para poder quitar os gastos com energia elétrica.
Se considerado apenas esse grupo socialmente mais vulnerável, 6 a cada 10 famílias ainda afirmam que a conta de luz de sua residência está atrasada.
No cenário geral, 35% afirmam que decidiram reduzir ou deixar de comprar alimentos básicos e bens de consumo, como roupas e eletroeletrônicos, para conseguir pagar a conta de luz. E 50% das famílias afirmam que, caso houvesse uma redução na tarifa, usariam a verba excedente para comer.
O gasto com eletricidade exerce menos pressão sobre a renda familiar daqueles que ganham acima de cinco salários mínimos. Dos entrevistados do segmento, apenas 16% dizem ter metade ou mais da metade de sua renda comprometida com a despesa. Já entre quem recebe até um salário mínimo esse índice chega a 53%.
A disparidade social e o peso da conta de luz sobre os lares brasileiros fica ainda mais evidente quando há um recorte de raça e cor. Segundo a pesquisa, que foi conduzida pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) a pedido do Pólis, 68% das pessoas negras estão com a conta de luz atrasada. A taxa de inadimplentes cai para 31% entre brancos.(Da Folha de SP)