• Sentido da vida

    131 Jornal A Bigorna 18/03/2025 14:00:00

     

    Vagando pela rede social, às vezes encontramos textos maravilhosos, embora sejam poucos, como explorar uma mina, valeu a pena ler o artigo que fala sobre o sentido da vida. Afinal, por que estamos aqui? Como viemos? Como escreveu Einstein, ‘o homem é um animal estranho, não pede pra nascer, não sabe viver e não quer morrer’.

    O sentido que não entendemos:

    “O destino tem um senso de humor peculiar.

    Às vezes, cruel.

    Um dia, você é Gene Hackman, vencedor de dois Oscars, aclamado por sua genialidade em cena, aplaudido por multidões que jamais o conhecerão de verdade. No outro, você é apenas um senhor de 95 anos, frágil e esquecido, sentado em uma casa grande demais para sua solidão, esperando que o telefone toque. Mas o telefone não toca. A fama, essa entidade volátil que um dia ilumina e no outro apaga, já não lhe pertencia mais.

    O mundo seguiu em frente, como sempre segue, e o homem que outrora fora protagonista tornou-se figurante de sua própria existência. Sua amada esposa, Betsy, partiu primeiro, silenciosamente, dentro do banheiro. Uma doença rara, transmitida por ratos, roubou-lhe o fôlego, mas ninguém percebeu. Gene não soube o que fazer. Não ligou para ninguém. Não pediu ajuda. Talvez nem soubesse que precisava. Alzheimer é uma doença cruel, que apaga lentamente a percepção do mundo.

    O homem que um dia interpretou detetives geniais, políticos astutos e vilões brilhantes, agora não conseguia sequer compreender a ausência da mulher que esteve ao seu lado durante décadas. Os dias passaram e o silêncio tornou-se absoluto. A fome chegou, mas não encontrou resistência. O cachorro, leal até o fim, permaneceu ao lado do dono, tão esquecido quanto ele. Talvez Gene tenha chamado por Betsy em algum momento.

    Talvez tenha andado pela casa, confuso, tentando encontrar uma explicação para aquele vazio que o rodeava. Ou talvez tenha apenas se sentado em sua poltrona, esperando que alguém batesse à porta. Mas ninguém bateu. Nem os vizinhos, nem os amigos, nem os fãs que um dia lhe enviaram cartas apaixonadas, nem mesmo alguém da família. Ninguém. Gene, perdido no labirinto da memória falha, permaneceu na mesma casa, incapaz de entender, incapaz de reagir. O que é, afinal, a fama, se no momento final ninguém sente sua falta? Onde afinal estavam os filhos, netos e até ex-colegas de trabalho? Como um casal pode desaparecer do mundo sem que ninguém note?

    A resposta é brutalmente simples: a vida segue sem olhar para trás. A glória é uma promessa passageira, um eco que se dissolve no tempo. Quando a polícia finalmente abriu a porta, encontrou um cenário de abandono. Dois corpos, um cão morto, e uma casa que havia se transformado em um mausoléu sem flores, sem velas, sem despedidas. O homem que um dia fez o mundo rir, chorar e prender a respiração, partiu aparentemente sem testemunhas, sem cerimônias, sem um último aplauso.

    A fama é barulhenta, mas o esquecimento é sepulcral.

    No fundo, todo ser humano carrega um pedido silencioso de amparo, um desejo secreto de que alguém esteja lá quando as luzes se apagarem. Não para impedir o inevitável, mas para ser testemunha de sua travessia. É preciso ter quem nos segure, quem nos nomeie, quem nos lembre de que existimos antes que o tempo nos dissolva”.  (Da A Toca do Lobo).

    Somos o ínfimo do nada, numa vida que não sabemos dimensionar. Pode ser linda, trágica, ou sem sentido ou com muito sentido, muitas com abundância, outras sôfregas e penosas.

    Padre Fábio de Melo em seu livro primoroso escreve: "A Vida é cruel mãe" com passagens infinitas cita as crueldades que perpassam nossa existência, o filósofofo Clóvis de Barros Filho, diz que 'somos potência sobre potência, átomos', enfim...

    O que é a Vida?

     

    Por André Guazzelli

    *Jornalista, escritor, historiador, sociólogo e graduando em psicologia

     

     

     

     

     

    OUTRAS NOTÍCIAS

    veja também