A Polícia Militar de São Paulo instaurou inquérito para investigar denúncias sobre o envolvimento de PMs com o PCC (Primeiro Comando da Capital). Há indícios de que um grupo da facção sediado na zona leste paulistana recebia informações sigilosas para não ser preso nem sofrer prejuízos em operações policiais.
As investigações do IPM (Inquérito Policial Militar), aberto em outubro deste ano, se concentram em dois núcleos suspeitos de associação com líderes do PCC. O primeiro era baseado dentro da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), unidade de elite da corporação; o segundo, em diversos batalhões —a maioria na zona leste da capital.
Segundo o inquérito, o núcleo de PMs da Rota seria formado por policiais que serviram na AI (Agência de Inteligência) do batalhão e tiveram acesso às informações sigilosas de operações policiais em andamento, principalmente às relacionadas a criminosos do PCC.
Oficial é investigado
Um dos alvos da investigação é um capitão da APMPMSP (Assessoria Policial Militar da Prefeitura do Município de São Paulo). Ele serviu na Rota durante seis anos, foi comandante de pelotão, chefe da Agência de Inteligência e da PJMD (Polícia Judiciária Militar e Disciplina).
O oficial foi transferido para o CPChoque (Comando de Policiamento de Choque) em setembro de 2022, para ocupar a função de chefe da Agência Regional de Inteligência. Em fevereiro deste ano, ele foi removido para a APMPGJ (Assessoria Policial Militar da Procuradoria Geral de Justiça), onde permaneceu até junho.
Cabos e sargentos são alvos
Entre os militares amigos pessoais e de confiança do capitão estão quatro cabos. As investigações apontam que um deles foi motorista do capitão quando o oficial trabalhava na Rota, e foi indicado por ele para atuar na Agência de Inteligência do batalhão.
Na lista de investigados estão ainda um sargento aposentado que serviu dez anos na Rota e trabalhou na seção de rádio. Quando era cabo, em 2022, candidatou-se a deputado federal, mas não foi eleito. Ele teria passado informações ao PCC e usado veículos da facção em seu comitê eleitoral.(Do UOL/Por Josmar Jozino)