• Palanque do Zé #36 - A Indústria de livros precisa ser mais transparente

    1380 Jornal A Bigorna 23/02/2020 23:00:00

    Palanque do Zé

    Quem me acompanha ao longo dos anos, seja pela Imprensa ou pelas Redes Sociais, sabe que sou um aficcionado por livros. E sabe também que sou um cara bastante curioso.

    Sempre achei que as Editoras nunca tiveram muito critério para dar o preço final em uma obra. Percebam: Não estou falando de gosto pessoal, de livro da moda ou de autores badalados.

    Estou falando de coisas como: Quanto custa um daqueles rolos gigantes de papel que as gráficas compram? Quanto custa produzir uma boa capa de livro? Qual a infraestrutura necessária para divulgar, armazenar e distribuir um livro?

    E as respostas não são claras. Mas um sinal óbvio de que algo não vai bem, é que as grandes Editoras nacionais estão falindo ou já faliram.

    Especialistas do setor tinham esperanças de que os e-books seriam os salvadores da pátria, mas isso não aconteceu por alguns motivos. Dois dos principais são: 1) As pessoas, em sua maioria, preferem livros físicos. 2) As editoras não colaboraram.

    Vamos a um exemplo prático: No site da Amazon, a toda-poderosa distribuidora a nível mundial de Jeff Bezos, vende um box contendo a trilogia de O Senhor dos Anéis de John Ronald Reuel Tolkien, por R$ 141,50. Enquanto isso, a versão e-book sai por R$ 116,91. Ou seja, a diferença entre três livros físicos e um arquivo digital é de apenas R$ 24,59!

    Ora! Os caras não gastaram com custos de impressão, armazenamento, distribuição, transporte e vendas, além de outros custos que desconheço por não ser do setor, e te dão um desconto de apenas R$ 24,59?

    No mínimo - para não exagerar - a diferença de preço entre um livro físico e um digital deveria ser de 50%, uma vez que os custos de produção e direitos autorais ainda continuam existindo. Isso sem falar no lucro, é claro, pois almoço grátis não existe.

    A verdade é que as Editoras usam os altos lucros obtidos com os e-books, para sustentarem o deficitário mercado de livros impressos. Mas se não reverterem logo essa tendência perversa, o mercado livreiro vai afundar cada vez mais, até que fique impraticável para a maioria das pessoas, tal como acontece com a indústria de armas no Brasil.

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