• Palanque do Zé #343 - Dicas neurológicas para melhorar sua memória

    238 Jornal A Bigorna 09/03/2025 21:10:00

    Recentemente, li um artigo sobre perda de memória e envelhecimento no The New York Times. Esse é um assunto muito importante, porque como sabemos, a proporção de idosos no Brasil e no mundo como um todo, tem aumentado significativamente por muitos motivos, mas principalmente em razão da baixa natalidade e alta na expectativa de vida.

    Tendemos a acreditar que a memória se deteriora com o envelhecimento, mas essa não é a opinião do Dr. Richard Restak, que é neurologista e professor clínico da Escola de Medicina e Saúde da Universidade George Washington. Para ele, o declínio cognitivo não é inevitável.

    Autor de mais de 20 livros sobre a mente, o Dr. Restak tem décadas de experiência no tratamento de pacientes com dificuldades de memória. Em seu mais recente livro, “O Guia Completo da Memória: A Ciência do Fortalecimento da Mente” em tradução livre, ele apresenta estratégias para aprimorar a memória, incluindo exercícios mentais, hábitos de sono e alimentação adequada.

    Citada obra ainda não está disponível em português, mas um outro livro do mesmo autor, cujo título é “Mente Saudavel, Mente Brilhante - O Que Fazer Para O Seu Cérebro Trabalhar Com O Maximo De Eficiência” está sendo vendido pela Amazon neste link: https://a.co/d/0isu7ws.

    Contudo, a mais recente obra vai além dos métodos tradicionais e explora diferentes aspectos da memória, como sua relação com o pensamento criativo, os impactos da tecnologia e sua influência na construção da identidade. “O objetivo do livro é superar os problemas cotidianos da memória”, afirma.

    Ele enfatiza, em especial, a memória de trabalho, que se situa entre a memória imediata e a de longo prazo e está relacionada à inteligência, à concentração e ao desempenho. De acordo com o Dr. Restak, esse é o tipo mais importante de memória e deve ser exercitado diariamente.

    O neurocientista argumenta que o declínio da memória não é um processo inevitável. No livro, ele apresenta dez hábitos que podem levar à perda ou distorção da memória. Sete desses conceitos foram descritos inicialmente pelo psicólogo Daniel Lawrence Schacter, incluindo os “pecados de omissão”, como distração, e os “pecados de comissão”, como memórias distorcidas. Além desses, o Dr. Restak adicionou três novos fatores: distorção tecnológica, distração tecnológica e depressão.

    Por fim, ele resume: “somos o que podemos lembrar”. A seguir, algumas de suas principais recomendações para fortalecer a memória.

     

    1. Preste mais atenção

    Muitos lapsos de memória são, na verdade, falhas de atenção. Por exemplo, esquecer o nome de alguém em um evento pode ocorrer porque você estava distraído conversando com outras pessoas no momento.

    Para melhorar a retenção de novas informações, ele sugere associá-las a imagens mentais. Se precisar memorizar um nome, por exemplo, visualize um objeto ou cena relacionada a ele. Ele conta que, ao precisar memorizar o nome de um médico chamado Dr. King, imaginou um médico vestindo um jaleco branco, usando uma coroa e segurando um cetro em vez de um estetoscópio.

     

    1. Desafie sua memória no dia a dia

    Inserir desafios de memória na rotina pode fortalecer essa habilidade. O Dr. Restak sugere, por exemplo, memorizar uma lista de compras antes de ir ao supermercado e tentar lembrar dos itens sem consultar a lista imediatamente, ou cozinhar sem olhar a receita a cada passo.

    Além disso, de vez em quando, tente dirigir sem o auxílio do GPS e navegue apenas com base na memória. Um estudo de 2020 indicou que pessoas que usam GPS frequentemente podem apresentar um declínio cognitivo mais acelerado na memória espacial.

     

    1. Jogue jogos de memória

    Jogos como xadrez e bridge são excelentes para a memória, mas há opções mais simples e igualmente eficazes. Um dos jogos favoritos do Dr. Restak para treinar a memória de trabalho é 20 perguntas, no qual um participante pensa em uma pessoa, lugar ou objeto, e o outro deve fazer até 20 perguntas de “sim” ou “não” para adivinhar a resposta. Esse exercício exige que o jogador mantenha todas as respostas anteriores em mente.

    Tentar ordenar pessoas, características e cargos, também é uma boa opção. Um exemplo seria citar todos os Presidentes da República desde a redemocratização, seus partidos e seus principais feitos.

     

    1. Leia mais romances

    Um possível sinal precoce de problemas de memória, segundo o Dr. Restak, é a preferência crescente por leituras de não ficção em detrimento da ficção. “As pessoas que começam a ter dificuldades de memória tendem a evitar romances”, observa ele.

    Isso ocorre porque a leitura de ficção exige um acompanhamento contínuo da história, lembrando detalhes sobre os personagens e os eventos ao longo do enredo.

     

    1. Reduza o uso da tecnologia

    Dois dos “pecados da memória” descritos pelo Dr. Restak estão relacionados ao uso da tecnologia.

     

    O primeiro é a distorção tecnológica, que ocorre quando as pessoas confiam tanto nos dispositivos eletrônicos que deixam de exercitar a memória. “Se tudo está armazenado no seu telefone, você realmente não sabe”, alerta.

    O segundo problema é a distração tecnológica, que prejudica a atenção e a capacidade de formar novas memórias. “Nos dias de hoje, o maior impedimento da memória é a distração”, afirma Restak. Muitas pessoas checam e-mails enquanto assistem a um filme, conversam ou até caminham na rua, o que compromete a capacidade de focar no presente – um fator essencial para a retenção de informações.

     

    1. Busque ajuda profissional

    O estado emocional influencia diretamente a memória. A depressão, por exemplo, pode afetar gravemente a capacidade de lembrar informações.

    Isso acontece porque o hipocampo, responsável pela formação da memória, e a amígdala, ligada às emoções, estão interligados. O tratamento da depressão pode ajudar a restaurar a função da memória.

     

    1. Saiba quando se preocupar

    Ao longo de sua carreira, o Dr. Restak foi frequentemente questionado sobre quais lapsos de memória são normais e quais podem indicar um problema mais sério. Ele ressalta que o contexto é essencial para fazer essa distinção.

    Esquecer onde estacionou o carro em um estacionamento lotado é algo comum. Já esquecer como chegou até o estacionamento pode ser um sinal de alerta. Da mesma forma, não lembrar o número do quarto de hotel é normal, mas esquecer o endereço de casa pode indicar um problema mais grave.

    De todo modo, se você acredita que está sofrendo um declínio neurológico, é fundamental procurar um médico o quanto antes, para iniciar um eventual tratamento o quanto antes, pois a doença tende a se agravar com o tempo.

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