Semana passada a Boeing fez o primeiro vôo com o seu novíssimo protótipo, o 777-X, com o qual pretende continuar dominando os céus do mundo, a partir de 2021.
A aeronave conta com três características principais que a fazem única no segmento: os motores gigantes da General Eletric, as asas com pontas dobráveis para facilitar a sua passagem pelos aeroportos menores e a nova fuselagem, que é mais longa do que a do atual 777-300ER. Ela tem o mesmo diâmetro externo, mas conta com maior espaço interno, pois a Boeing conseguiu diminuir as camadas acústicas e a grossura dos materiais, mantendo a segurança e o baixo nível de ruído dos motores.
Entretanto, como cadeirante, algo me preocupou muito: Andei vendo alguns croquis do avião e, ao que parece, no que diz respeito à acessibilidade, nada mudou:
Certa vez embarquei no aeroporto de Guarulhos e, para chegar no avião, me puseram no ambulift, uma espécie de carro misturado com elevador. Achei o máximo e pensei: agora eu entro com minha cadeira elétrica e tudo, encosto numa poltrona, passo pra ela e eles levam a cadeira para o bagageiro.
Mas não foi o que aconteceu. Na porta do avião, me ajudaram a sentar numa cadeira do próprio avião - que era minúscula, ainda mais considerando que sou gordo - e me puxaram pra dentro. Foi super desagradável e a sorte é que o destino era Porto Alegre, então não precisei ir ao banheiro durante o trajeto, pois o vôo é curtinho.
Mas, para piorar, os caras da Gol desmontaram todo o sistema de baterias da minha cadeira e a deixaram na chuva até a hora de colocá-la no avião, junto com as bagagens.
Quando chegamos, eles não queriam remontar o sistema de baterias da cadeira e eu tive de ameaçá-los de processo para que ao menos me fornecessem as ferramentas necessárias para que eu mesmo montasse tudo de novo. No final deu certo, mas foi muito desagradável.
Talvez você esteja pensando: Ah, no próximo avião eles pensam nisso. O problema é que não é tão simples assim, pois as fabricantes de aeronaves não são como as de carros, que lançam vários modelos ao longo de 12 meses.
Os aviões, uma vez homologados para voar, ficam décadas prestando serviço, apenas sofrendo pequenas atualizações aqui ou ali. Isso quer dizer que, no caso dos cadeirantes, talvez a acessibilidade tão almejada só chegue daqui a 30 ou 40 anos. Uma pena.