• Palanque do Zé #311- Bezmenov e o modus operandi comunista

    494 Jornal A Bigorna 28/07/2024 15:40:00

    Palanque do Zé

    Yuri Alexandrovich Bezmenov, foi um jornalista e ex-informante da KGB, o Serviço Secreto Russo, que desertou para o Canadá.

    Quando trabalhou na Índia, Bezmenov passou a admirar o povo local e sua cultura, ao mesmo tempo que começou a ressentir-se com a opressão do Governo Russo contra intelectuais que discordavam de suas políticas.

    Foi aí que ele acabou decidindo desertar para o Ocidente e acabou assumindo uma nova vida.

    Ele é lembrado por suas palestras e livros anticomunistas e pró-EUA da década de 1980.

    Nascido em 1939, em Mitischi no Oblast de Moscou, seu pai era um alto oficial do Exército Vermelho.

    Quando estudante, frequentava uma escola de elite da União Soviética, onde veio a tornar-se especialista em cultura e línguas indianas.

    Com 17 anos, ingressou no Instituto de Línguas Orientais, local que era administrado pelo Partido Comunista. Além de idiomas, estudou história, literatura e música.

    No local, foi incentivado a vestir-se e ter hábitos típicos de um indiano, eis que uma vez formados, os alunos  eram empregados como diplomatas, jornalistas ou espiões no exterior.

    Como todo o estudante soviético, recebeu treinamento militar e aprendeu a usar mapas e métodos para interrogar prisioneiros.

     

    Depois de formado, em 1963, ficou dois anos na Índia trabalhando como tradutor e diretor de relações públicas de um grupo soviético que instalava refinarias no país.

    Em 1965, foi chamado de volta a Moscou e começou a trabalhar para o Governo como aprendiz no departamento confidencial de "publicações políticas" (GRPP).

    Logo descobriu que cerca de três quartos dos seus colegas eram, na realidade, agentes da KGB, com os restantes sendo escritores que trabalhavam como freelancers para a KGB e informantes como ele próprio.

    No período, editou e plantou materiais de propaganda política nos meios de comunicação de outros países e acompanhou delegações estrangeiras na União Soviética, que o Governo desejava usar como agentes de influência e divulgadores da sua propaganda ideológica.

    Nestes passeios, uma de suas principais metas era distrair a atenção dos visitantes impedindo-os de perceber a realidade do país.

    Um dos meios mais utilizados para atingir esse objetivo era fazer com que os visitantes bebessem em excesso. Outra forma era conduzi-los a visitas previamente encenadas em locais "maquiados" para parecerem aceitáveis.

    Certa feita, afirmou que a doutrinação política pela qual tais pessoas passavam era uma "lavagem cerebral".

    Depois de vários meses nesse trabalho um tanto quanto enfadonho e deprimente, foi forçado a ser um informante. Seu trabalho como jornalista no exterior, na verdade, se destinação a reunir informação e disseminar contrainformação para propósitos de propaganda e Subversão favoráveis ao Governo Russo.

    Após uma rápida promoção, foi mais uma vez designado para trabalhar na Índia em 1969. Na função de correspondente oficial soviético e agente de relações públicas da KGB, continuou realizando o mesmo tipo de serviço, mas também tinha o objetivo de estabelecer a esfera de influência soviética na Índia de forma lenta e segura.

    Quem colaborava com seus objetivos era agraciado com fama, prestígio e poder. Quem não cedia, era alvo de difamação e sabotagens.

    Um ponto curioso é que Bezmenov afirmou que foi orientado a não perder tempo com os esquerdistas verdadeiros, os quais eram chamados de "idiotas úteis", pois uma vez que tomavam conhecimento da verdadeira natureza do comunismo soviético, tornavam-se perigosos para o Regime.

    Para sua surpresa, descobriu que muitos destes “idiotas úteis” tinham seus nomes listados para futuramente serem assassinados pelo Governo.

    Em vez disso, foi orientado a se aproximar de celebridades, integrantes da mídia conservadora, cineastas ricos, intelectuais em círculos acadêmicos e pessoas inescrupulosas, egocêntricas e sem princípios morais.

    Durante esse período, percebendo que o sistema soviético era traiçoeiro e cruel, começou a planejar sua deserção.

    Nos anos 1970, se disfarçou de hippie e juntou-se a um grupo de turistas, fugindo para a Grécia.

    Após contactar a embaixada dos Estados Unidos em Atenas, foi longamente interrogado pelo serviço de inteligência Americano e recebeu asilo político no Canadá.

    Nessa época, detalhou como os soviéticos incitavam o ódio e revolta no Paquistão, além de detalhar como os consulados da URSS na Índia eram usados para contrabandear armas e material de propaganda, num grande esforço soviético para subverter o país.

    Através de livros, palestras e entrevistas, buscou alertar o público ocidental:

    (…) Subversão, na terminologia soviética, significa sempre uma atividade distratora e agressiva, visando destruir o país, nação ou área geográfica do seu inimigo. (…) Esta atividade é aberta, legítima e facilmente observável se você se der ao tempo e trabalho de observá-la. (…) A estrutura de poder soviética lembra um triângulo. (…) não é um triângulo amoroso, mas de ódio (…) o partido fica no topo, a KGB e os militares, supostamente seus servidores, ficam na base.

    Ao mesmo tempo que criticava ferozmente a Rússia, acusava a mídia ocidental e os poderosos de omissão por não divulgar e combater a realidade vivida pelos países comunistas.

    Afirmou que expressões comumente usadas pela mídia ocidental como: "Nações Unidas," "movimento de libertação nacional" e "assistência médica gratuita" são criações de especialistas em propaganda soviética. 

    Para ele, a ONU não representa grupos ou interesses nacionais e é incapaz de solucionar conflitos militares. E os tais "movimentos de libertação nacional" são, na verdade, antinacionalistas e antipatriotas treinados e pagos pela URSS à qual obedecem.

    Revelou que os subversores soviéticos usavam grupos empresariais, artísticos, acadêmicos, sindicatos, igrejas, universidade e mídia do ocidente para manipular cultural e psicologicamente as massas de forma a facilitar a implantação de regimes revolucionários.

    Este processo, descrito por ele, é dividido em quatro fases que são: "desmoralização", "desestabilização", "crise", "normalização".

    A cada fase completada com êxito, torna-se mais difícil reverter o processo de subversão.

    Durante a fase de "crise", na tentativa de deter o processo, os grupos utilizados durante o processo de subversão (idiotas úteis) tendem a promover revoluções que acabam resultando em guerras civis muitas vezes.

    Na fase de "normalização", por sua vez, o novo regime busca estabilizar a sociedade. É aqui que os "idiotas úteis" são descartados.

    Yuri Bezmenov destacava que a melhor forma de neutralizar a subversão ideológica era a valorização dos valores morais e religiosos, pois a solidez moral e ética derivada dessas tradições fornecia uma base sólida para resistir às tentativas de subversão, promovendo uma sociedade estável e resiliente.

    A morte de Bezmenov foi divulgada em 1993, mas seu Atestado de Óbito foi descrito como "vago e suspeito", sem maiores detalhes, o que levantou suspeitas até hoje não esclarecidas.

     

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