• Palanque do Zé #302 – Será que é fácil contratar um matador de aluguel?

    752 Jornal A Bigorna 26/05/2024 11:20:00

    Palanque do Zé

     

    Na ficção, sempre parece fácil contratar um matador de aluguel. Tanto que esses pistoleiros ou assassinos, como queira, são bastante populares até mesmo nos filmes de  Hollywood e, por consequência, no imaginário popular.

     No entanto, operadores do Direito, policiais e até mesmo espiões (de verdade), afirmam que assassinatos encomendados são raros, tanto pela dificuldade de se organizar um, quanto pela quase certeza de que o matador e o mandante não vão conseguir escapar ilesos.

    Recentemente, li no The New York Times, que houve um plano frustrado para assassinar um separatista sikh em Nova York.

    As autoridades de inteligência americana acreditam que os mandantes possam ter ligação com o Governo indiano.

    Quando a conspiração chegou ao ponto de precisar contratar um assassino, as coisas se complicaram, pois o suposto matador acabou sendo um agente disfarçado trabalhando para o Governo dos Estados Unidos.

     Robert Baer, ex-oficial da CIA e autor de vários livros, incluindo "The Perfect Kill: 21 Laws for Assassins", afirma ter conhecido muitos criminosos durante suas décadas de trabalho. E até ele admite que encontrar um assassino profissional de verdade o deixaria impressionado.

     "Eu não consegui encontrar um assassino de aluguel", disse ele. "E conheço muitos criminosos."

     Dennis Kenney, professor da John Jay College of Criminal Justice, concordou, descrevendo a percepção pública de um assassino hábil como "praticamente um mito", acrescentando que um matador de aluguel geralmente "não passa de um bandido que aceita um pagamento único".

     "É por isso que são pegos", disse Kenney.

     Embora também não haja estatísticas precisas sobre quantas tentativas de homicídio por encomenda falham aqui no Brasil ou em qualquer lugar do Mundo, especialistas apontam que, os casos descobertos o são por amadorismo e inépcia.

     Ainda assim, as tentativas continuam acontecendo.

     "Não existe um serviço realmente eficiente e de alta qualidade como nos filmes", disse Michael C. Farkas, advogado de defesa que já trabalhou como promotor de homicídios em Nova York.

     Há planos de assassinato que, infelizmente, têm sucesso – como as autoridades canadenses acreditam ter sido o caso em junho com o assassinato de outro separatista sikh, Hardeep Singh Nijjar, na Colúmbia Britânica, embora não se saiba se assassinos de aluguel estavam envolvidos.

    Policiais e estudiosos classificam os assassinatos encomendados em ao menos 4 categorias:

     

    1. Há os civis envolvidos em planos de assassinato cotidianos, que muitas vezes terminam de forma desleixada ou trágica;
    2. Assassinos da máfia ou grupos criminosos tipo PCC, que atuam internamente para manter a ordem no submundo do crime;
    3. Sicários, cujo uso por cartéis de drogas tem se popularizado e,
    4. Profissionais empregados por governos.

     

    Para a pessoa comum que deseja contratar um matador de aluguel, as dificuldades de buscar tal serviço são inúmeras, especialmente manter sigilo sobre seus planos.

     "É mais complicado do que parece", disse David Carter, professor de justiça criminal da Universidade Estadual de Michigan. "E às vezes essas não são as pessoas mais brilhantes."

    Fora o fato de que, às vezes, o contratante é que é desprovido de inteligência. Em novembro, por exemplo, uma mulher do Estado norte-americano da Louisiana foi condenada a 18 meses de prisão por tentar usar um site de paródia para contratar alguém para matar um sujeito que ela considerava inimigo.

     Há também um outro problema: O preço. As pessoas tem o péssimo hábito de querer procurar opções de baixo custo para eliminar seus desafetos.

     Assassinos profissionais (e caros) aceitarão o pagamento e depois desaparecerão. Os amadores (e baratos) não poderão fazer o mesmo.

     Mas, o mais importante de tudo, é que simplesmente não existem muitas pessoas com as habilidades necessárias para realizar esse tipo de trabalho. A tecnologia realmente dificultou muito a prática impune do assassinato.

     

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