Estamos na cozinha da casa dos meus Pais e lá podemos ver minha Avó Adelaide fazendo macarrão. Inclusive a massa.
Como é final de tarde, podemos ver os últimos raios de sol (os que trespassaram a frondosa goiabeira do quintal vizinho) resvalando na mesa branca e repleta de longos filetes de macarrão. Espaguete sempre foi o meu tipo preferido.
O dia estava quente e seco. Sei disso porque minha Avó sempre dizia que esse era o clima ideal para se fazer um bom macarrão.
Minha Avó, que trabalhou como cozinheira de gente importante, agora faz o molho. Os tomates estão bem vermelhos e são acompanhados de alho, cebola e outras coisas tantas que me fazem pensar nela como uma alquimista.
Poucas coisas me fazem lembrar tanto dela, quanto uma bela macarronada num dia de domingo.
Apesar disso, macarronada não era sua especialidade. Como cozinheira profissional, quase tudo o que fazia era muito bom. Mas seu ápice culinário era o bom e velho arroz branco. Ninguém jamais atingiu seus pés quanto a isso! Mas seus charutos, carne de panela e almôndegas também não ficavam muito atrás.
Embaixo da mesa está a Lilica, minha primeira cachorrinha. Ela, assim como eu, aguarda numa paciência ansiosa pelo macarrão, que a essa hora, já recendia pela casa toda.
Ao final de tudo, minha Avó frita os pedaços de frango caipira e os mistura no molho para uma última fervida.
Logo, dessa refeição memorável, a qual fora acompanhada de uma Coca-Cola geladinha, só restaram as louças, copos e talheres na pia. Eles estarão limpos no escorredor dentro em breve.
Hoje, daquele dia etéreo e eterno, só restam as boas lembranças de um tempo que já se foi e não volta mais. Pelo menos neste quando e neste onde.
--- -- ---
Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião do Jornal A Bigorna.