No ano de 1995, a gigante do ramo alimentar, PepsiCo, estava numa guerra feroz contra a Coca-Cola, e apostava forte em propagandas para vencer a rival.
Foi nesse cenário que a Companhia sediada nos Estados Unidos decidiu criar uma campanha na qual os seus clientes podiam ganhar pontos e trocá-los por produtos como camisetas, jaquetas e bolsas.
O problema é que, numa época em que o ramo da publicidade não era tão engessado (e ético) como hoje, o pessoal da BBDO, uma das melhores e maiores agências de publicidade do mundo, não viu problema em “oferecer” um avião de guerra como parte da promoção, dando-lhe, inclusive, o valor de 7 milhões de pontos.
No modo de ver as coisas da PepsiCo, tudo não passava de uma brincadeira. Mas essa não era a visão do estudante de administração John Leonard, com então 21 anos, que levou a história a sério.
Após fazer alguns cálculos, John descobriu que o caça, que era avaliado em mais de 30 milhões de dólares, se trocado pelos 7 milhões de pontos da campanha da PepsiCo, lhe custaria pouca coisa mais que 700 mil dólares.
Com a ajuda de um amigo empresário, conseguiu o dinheiro necessário, comprou os pontos e esperou pacientemente pela chegada da aeronave militar.
A PepsiCo, apesar de ter prometido o avião a troco dos pontos, entretanto, não honrou o acordado e enviou o cheque de volta para John, acompanhado de uma carta explicando que o avião não fazia “parte da promoção”.
Junto com a carta, a PepsiCo também enviou dois cupons como forma de pedir desculpas por “qualquer mal-entendido ou confusão”.
Só que John não se convenceu e decidiu acionar seu Advogado para responder a carta da Empresa produtora da Pepsi. “Se não recebermos instruções sobre a transferência em dez dias úteis a contar da data desta carta, não nos restará outra opção exceto apresentar uma ação contra a Pepsi”, alertava a Notificação Extrajudicial de John.
Como as partes não chegaram a um acordo, pois John recusou a oferta de 1 milhão de dólares para encerrar o caso, este tramitou na Justiça de Nova York por alguns anos, período em que foi amplamente divulgado pela mídia.
Foi somente no ano de 1999, que o processo ganhou uma sentença, sendo que a Juíza do caso entendeu que “nenhuma pessoa razoavelmente objetiva poderia ter concluído que o anúncio realmente oferecia um caça Harrier aos consumidores”.
Após o desfecho judicial, a história naturalmente caiu no esquecimento, para a alegria da PepsiCo. Até o final do ano passado, quando a Netflix lançou o excelente documentário “Pepsi, Cadê Meu Avião?”, que conta em 4 interessantes episódios, a intrigante história, que abalou o mundo do Direito e da Propaganda.
A ideia inicial do diretor da série, Andrew Renzi, era transformar a história em ficção. Mas, para a nossa sorte, logo percebeu que a realidade seria bem mais divertida.
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Eis o link da propaganda. Você será redirecionado ao YouTube:
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Caso você tenha uma conta da Netflix, eis o link do Documentário:
https://www.netflix.com/br/title/81446626?s=a&trkid=13747225&t=cp&vlang=pt&clip=81631445
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