Quando recebi o diagnóstico de COVID-19 pela primeira vez, tinha 33 anos. Eu já havia, momentaneamente, enfrentado a hipótese de morrer algumas vezes. Isso acontece de vez em quando, se você já fez 10 cirurgias, como eu.
Mas foram só os longos 24 dias de quarentena que me fizeram sentir, de fato, que eu poderia não estar mais vivo dentro em breve. Apesar de ser jovem. Apesar de ter planos. Apesar de não querer morrer.
Não que eu tenha realmente chegado perto de morrer. Mas na época, morriam milhares de pessoas por dia de COVID-19, e eu tenho algumas comorbidades. Fora que, os sintomas da doença – no caso daquela variante – eram um tanto quanto fortes.
Nas primeiras horas, eu queria “resolver as pendências” mais mundanas, como terminar um livro, uma série e fazer uma lista contendo as senhas de minhas redes sociais e bancárias, por exemplo. Não queria que a minha família passasse por dificuldades durante o Inventário, que é um processo demasiadamente longo e desumano.
Mas não demorou muito para que eu focasse no que realmente importa: Nos meus familiares, amigos, pets e no que eu de fato acredito.
Ressignificar e valorizar o que realmente importa me fez enxergar a vida de maneira mais objetiva e pragmática.
A partir daí que me afastei de pessoas, passei a valorizar mais quem sempre esteve ao meu lado e me tornei um defensor ainda mais ferrenho da liberdade. Foi aí que a questão das armas de fato emergiu em meu pensamento, apesar de meu interesse pela coisa remontar à minha infância.
Valores tradicionais e fundamentais da sociedade, como família, vida, trabalho, caridade e honestidade nunca fizeram tanto sentido.
Hoje, quase três anos depois do diagnóstico que me fez crer piamente de que eu seria um velho cara a ser lembrado dentro em breve, apesar de ser jovem e sem nenhum interesse em “chegar ao fim da clareira”, como diz Stephen King no épico A Torre Negra, me tornei uma pessoa melhor e mais consciente do que realmente importa.
Não sou uma pessoa sem defeitos. Alias, pelo contrário, preciso melhorar muito ainda. Mas com certeza sou muito melhor do que antes.
Posso dizer, com certeza, que ter experiências traumáticas ao longo da vida, são “bênçãos bem disfarçadas, como diria o Herói do Mundo Livre, Sir Winston Leonard Spencer Churchill.
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