Juridicamente falando, a função do Tribunal Superior Eleitoral é realizar toda a administração executiva, gerencial, operacional e boa parte da normatização do processo eleitoral nacional.
Não é pouca coisa ou missão sem importância, pelo contrário, o trabalho realizado pela Corte é essencial para a Democracia e árduo para seus integrantes, mas mesmo assim eles acharam de procurar serviço onde não são chamados e tampouco contam com capacidade para tal.
É que no último dia 30, durante o encontro “Democracia e Consciência Antirracista na Justiça Eleitoral”, o Tribunal lançou a cartilha denominada “Expressões racistas: por que evitá-las”.
De acordo com o TSE, o objetivo da cartilha é listar termos racistas, com o objetivo de extirpá-los da nossa língua.
Palavras como “esclarecer”, “escravo”, “meia-tigela” e “nega maluca”, além de expressões como “feito nas coxas”, constam do Manual e estão na mira dos Ministros, que deveriam estar se preocupando com coisas mais úteis para a sociedade, inclusive aos negros, que são a minoria dos eleitos, apesar das cotas e de serem a maioria da população.
Li a tal da cartilha e pude constatar óbvio: Tudo não passa de ideologia esquerdista. Isso porque o próprio texto traz mais de uma origem para as palavras ou expressões, e as mesmas são contraditórias ou esdrúxulas.
De acordo com o Tribunal, a palavra “meia-tigela”, deve deixar de ser usada “embora não haja consenso acerca das origens, a possibilidade de serem compreendidas como memória da escravidão é justificativa suficiente para que as expressões sejam substituídas”.
O uso da palavra “mulata” não é politicamente correta para a Casa Eleitoral, “ainda que a expressão não possua uma origem notadamente racista como defendem alguns, os usos e sentidos que lhe foram empregados acabam por impregná-la deste sentido. Desse modo, merece ser abandonada”.
Numa tola tentativa de justificar a inclusão da palavra “nega maluca”, que designa ou bolo de chocolate, o TSE afirmou que a mesma “deprecia a mulher negra, pois a associa a uma sobremesa (...) Esse mecanismo esconde o hábito de sexualização indevida da mulher negra”.
Vou fazer um favor e te poupar de tanta asneira, mas ao todo, o texto traz 40 palavras e expressões taxadas de racistas até o momento. Mas a coisa pode piorar muito, pois o material permanece aberto para atualização com novos termos.
É óbvio que o texto é completamente desnecessário e composto ideologicamente, mas também padece de erros de origem. A palavra “denegrir”, por exemplo, vem do latim “denegrare”, que significa manchar. Ou seja, não tem nada a ver com racismo.
Vamos deixar claro que eu não sou racista, afinal tenho (assim como a maioria absoluta dos brasileiros) antepassados negros. Meu nariz e lábios são claramente herança deles.
O que estou dizendo é que essa mania de a Esquerda querer ressignificar ou banir palavras e termos é nociva. Tanto porque é uma forma muito eficiente de controle social, quanto porque nos faz esquecer de nossa própria história. E o povo que não conhece a própria história, está fadado a repeti-la.
Contra o racismo, temos as leis, os bons costumes e a moral. Se um negro for ofendido em razão de sua condição, conta com mecanismos legais muito eficientes para se defender.
O crime de injúria racial está previsto no capítulo dos crimes contra a honra, mais precisamente no parágrafo 3º do artigo 140 do Código Penal. Isso sem falar no crime de racismo, que é previsto na Lei de numeral 7.716/89 e na Constituição Federal, que objetiva a promoção do bem estar de todos, excluindo preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
É mais do que evidente que os negros têm menos oportunidades de empregos bem remunerados no Brasil, e isso faz com que sejam mais pobres do que a média. Nesse contexto, muito mais útil seria se a Corte voltasse seus esforços para possibilitar que os mais pobres pudessem ter um acesso digno ao Poder Judiciário, e não um faz de conta promovido pelas Defensorias Públicas.
Há exceções como em tudo na vida, mas a verdade é que vemos que o pobre não consegue uma defesa técnica eficiente na maioria das vezes. Essa é a minha percepção após mais de dez anos atuando como Advogado.
Sei que pareço um disco riscado de tanto que falo sobre isso aqui na Coluna, mas no distópico “1984”, George Orwell criou a “novilíngua” o vocabulário que as suas personagens podiam usar.
Trata-se de um linguajar todo composto por palavras que agradam o Partido do Grande Irmão, algo mais ou menos parecido com o nosso politicamente correto ou com a Cartilha do TSE.
O grande problema desse “vocabulário do bem”, além de tudo o que já foi dito, é que conforme nos habituamos com ele, passamos a enxergar o mundo de outra forma, quase que como se víssemos tudo com antolhos, aquele acessório que colocam na cabeça dos cavalos com o objetivo de limitar-lhes a visão somente para a frente.
Esse é justamente o objetivo do politicamente correto (e da Cartilha do TSE): Limitar o nosso vocabulário para limitar a nossa percepção de mundo e, por consequência, a nossa própria inteligência.
Talvez você ache que estou exagerando, mas não. A Esquerda é tão bem sucedida em seus intentos, porque se infiltrou nas artes, nas academias, no sistema judiciário e na sociedade como um todo. É justamente assim que começam as revoluções: Silenciosamente.
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