• Palanque do Zé #224 – E se houverem câmeras escondidas no seu quarto de hotel?

    868 Jornal A Bigorna 27/11/2022 19:40:00

    Palanque do Zé

    A nudez e a sexualização das atividades humanas estão cada vez mais presentes em nossa sociedade.

    Basta acessar qualquer rede social para constatar o que digo. É difícil entrar no Instagram ou TikTok, por exemplo, e não ver um cara ou uma moça demonstrando seus atributos físicos com roupas mínimas.

    Não “artistas” ou profissionais do sexo, mas gente comum como você e eu. Talvez, inclusive, você seja essa pessoa. E está absolutamente tudo bem!

    Isso porque o nude, que consiste no envio de fotografias e vídeos nus em redes sociais, está cada vez mais popular.

    E, de fato, quem mais lucra com esse tipo de coisa é a indústria pornográfica, cuja lucratividade é estimada em R$ 400 bilhões anuais, de acordo com fontes extraoficiais e não confirmadas que encontrei na Internet, dada a natureza descentralizada e quase que ilegal da atividade.

    Se esses números estiverem corretos e acho que estão, isso é mais do que muitos dos investimentos que o Governo fez em infraestrutura, por exemplo. Também é mais do que o valor de mercado de grandes corporações nesse 2022, como JBS (350,7 bi), Vale (293,5 bi), Gerdau (78,3 bi), Ambev (72,9 bi) e Grupo Natura (40,2 bi), de acordo com dados levantados pela  Economatica, que é líder no desenvolvimento de sistemas para análise de investimentos.

    Como sabido, a indústria pornográfica é também envolta em muitas controvérsias, como a hospedagem de vídeos e fotos não consentidas em sites voltados para o público adulto, que é o que nos interessa nesta coluna.

    É bem verdade que a maioria absoluta dos uploads desse tipo de material não consentido advém de homens que, por um motivo ilegítimo, ilegal e imoral ou outro, deseja se vingar da ex.

    Mas, também existem os casos em que ambos os praticantes do ato sexual são vítimas de uma terceira pessoa. E é disso que, após a longa e necessária digressão, esse texto vai falar.

    Segundo dados de uma pesquisa feita pela Investment Property Exchange Services, quase 60% dos americanos entrevistados no ano de 2019 se disseram preocupados com câmeras escondidas nos ambientes locados e que 11% dos locatários efetivamente disseram ter descoberto uma câmera escondida durante uma estadia.

    Na Coreia do Sul, mais de 30 mil casos de filmagem com câmeras escondidas foram relatados à polícia entre os anos de 2013 e 2018, de acordo com a organização sem fins lucrativos Human Rights Watch.

    Ou seja: Não se trata de uma teoria, mas sim de casos reais e muito comuns, porque cada vez mais, as pessoas estão viajando. Os meios de transporte como carros, trens, navios e aviões possibilitaram que houvesse a chamada globalização, de modo que, mais do que nunca na história da humanidade, pessoas tivessem que dormir em locais temporários, como pensões, hotéis e até casas alugadas.

    E é justamente nessa esteira de acontecimentos, que os relatos sobre descobertas de uso de câmeras espiãs e sistemas de monitoramento nesses ambientes tem aumentado significativamente.

    Recentemente uma postagem no TikTok de uma conta brasileira viralizou ao mostrar que no apartamento alugado em que estavam, havia uma câmera espiã escondida no rádio-relógio.

    Um outro caso foi divulgado pelo jornal inglês The Sun, onde um casal britânico relatou ter encontrado uma câmera escondida num sensor de movimento, em uma acomodação alugada numa vila de Zaralejo, a cerca de 40 km de Madri (Espanha).

    A notícia ruim é que o casal só notou a câmera espiã após ter se relacionado intimamente no mesmo ambiente em que ela estava instalada.

    Quem garante que nesse exato momento o vídeo da transa do casal não está hospedado em algum site pornográfico ou rodando por correntes de WhatsApp, Telegram e etc?

    Perceba, caro leitor, que as câmeras instaladas de maneira a espionar a intimidade das pessoas não podem ser confundidas com aquelas que existem nos espaços públicos e comuns, para a segurança do imóvel, tal como porta da frente, portão ou garagem.

    É claro que os espaços comuns não incluem quartos, banheiros e até mesmo salas de estar.

    Nessa altura dos acontecimentos, você já deve estar se perguntando o que fazer caso encontre câmeras escondidas, certo?

    Basicamente: Registrar por meio de vídeos e fotos, a existência de câmeras espiãs, denunciar tal fato à Polícia por meio de Boletim de Ocorrência e procurar um Advogado para dar início à processos cíveis e criminais contra o dono do imóvel e contra a empresa que intermediou a locação, eventualmente.

    Mas convenhamos que o ponto não é exatamente esse, certo? Porque aí a sua intimidade e a dos seus já vai ter sido exposta na Internet. E, como você sabe, se uma coisa está na Internet, nunca mais haverá garantias de que foi realmente tirada de lá.

    O que nos leva ao tópico final dessa coluna: Como encontrar câmeras espiãs?

    A boa notícia é que não é tão difícil assim. Basta que você tenha alguma atenção e um pouco de conhecimento.

    Especialistas recomendam que você faça uma busca física, procurando dispositivos domésticos como luzes, espelhos e rádios-relógios. Olhe aquilo que parece não se encaixar no ambiente ou que seja diferente. A maioria das câmeras ocultas está conectada a uma fonte elétrica ou a baterias. Mesmo câmeras bem pequenas contam com uma lente ao menos, então se você usar uma lanterna, conseguirá destacá-la.

    Uma forma de se obter o conteúdo da gravação das câmeras é a Internet. Nesse caso, haverá uma rede Wi-Fi. Essa rede pode ser detectada por meio de aplicativos de varredura de Wi-Fi que você pode baixar na sua loja de aplicativos.

    Por fim, se você quer realmente levar esse assunto a sério, compre um detector de câmeras espiãs. Sites como Mercado Livre, Amazon e até o famigerado AliExpress vendem esse tipo de produto. Vale dizer que tais dispositivos funcionam apenas se a câmera oculta estiver transmitindo dados. Ou seja, as que contam com cartões SD para armazenarem dados para serem recuperados posteriormente, são mais difíceis de serem detectadas. Para essas, existem os scanners de radiofrequência, mas os bons custam cerca de R$ 5 mil.

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