Não é de hoje que me preocupo com a questão da privacidade na Internet, pois como Advogado e Jornalista, trabalho com dados sigilosos e/ou potencialmente sensíveis de centenas de pessoas.
Navegar em uma Internet segura depende de vários fatores como manter o sistema operacional de seu dispositivo sempre atualizado, ter um bom antivírus, não entrar em sites suspeitos, não clicar em links duvidosos, não logar em redes Wi-Fi públicas, usar um sistema de proxy, dentre outras muitas coisas.
Se eu fosse abordar todos esses aspectos da segurança digital, certamente esse texto teria muito mais de 30 páginas, e não temos esse tempo todo, eu sei. De mais a mais, o Google tá aí pra isso, não é mesmo?
De toda sorte, nós vamos nos ater especialmente no aspecto da VPN, devido aos constantes arroubos autoritários de certas autoridades brasileiras nos últimos meses.
Isso porque dispor de uma VPN é excelente para aqueles que desejam navegar sem ter a privacidade violada. Uma vantagem extra é que dá pra acessar sites com conteúdo bloqueado por região, o que é bastante comum em plataformas de streaming de vídeo e áudio como Netflix, Amazon, YouTube e outras tantas disponíveis no mercado.
VPN é uma sigla em inglês, que significa “Virtual Private Network”, ou em português, “Rede Virtual Privada”. Antes de seguirmos adiante, é importante falar sobre como a Internet funciona.
Quando você acessa o Jornal A Bigorna ou qualquer outro endereço eletrônico do planeta sem usar uma VPN, a conexão entre o nosso site e o seu computador é direta, o que deixa dados como a sua localização, informações eventualmente inseridas, quais links acessou e até se leu e quanto tempo levou pra ler um texto, dentre outros detalhes expostos para serem coletados por pessoas, empresas e governos.
É daí que a ideia de usar uma VPN passa a não só fazer sentido como se torna uma necessidade para pessoas politicamente expostas, que tratem de assuntos sensíveis ou que vivam em Nações onde a democracia e as liberdades individuais não imperam, pois o sistema cria um intermediário que vai servir de ponte entre você e a página que almeja acessar, ao mesmo tempo em que cria uma barreira capaz de tornar os dados da sua navegação mais difíceis (senão impossíveis) de serem interceptados.
Quando uma VPN faz com que toda a sua navegação de Internet passe por ela, torna os dados e estatísticas a respeito das suas atividades na rede indetectáveis, eis que mesmo os serviços grátis e, portanto de menor qualidade, oferecem criptografia de 128 bits, o que já deve bastar na maior parte dos casos.
Agora, se você realmente precisa de mais segurança e anonimato, as plataformas pagas oferecem maior nível de proteção, e podem chegar a aplicar criptografia de 2.048 bits.
Mas, como não existe almoço grátis, devo falar que existem desvantagens ao se valer de uma VPN para navegar. Isso porque esse tipo de serviço costuma ser pago em dólar, e nem todas as empresas são confiáveis, se comprometendo a não coletar dados e logs de uso, pois embora sejam capazes de ocultar suas informações do resto do mundo, podem armazenar seus dados e utilizá-los com fins obscuros, tais como os ofertarem para terceiros a troco de dinheiro.
É de se dizer também, que provavelmente a sua conexão será mais lenta, pois aquela “ponte” que falei antes, para funcionar, se vale de um processo de criptografia de dados que, quanto mais seguro for, mais poder de processamento exigirá do servidor a que você se conecta, tornando o caminho entre o seu computador e o site a ser acessado, “cheio de curvas” ao invés de ser direto. É como se para sair de Avaré rumo a Arandu, antes você tivesse que dar uma volta em Nova York, por exemplo.
Existem inúmeros serviços de VPN confiáveis no mercado, tais como NordVPN, Surfshark e Private Internet Access, mas eu prefiro o da Proton, cuja empresa foi fundada em 2014 por cientistas que trabalharam no CERN, o programa europeu que trata das questões nucleares. Eles já criaram o Proton Mail, o maior serviço de e-mail criptografado do mundo, que é muito utilizado por jornalistas em áreas de conflitos militares.
O mais importante é que eles contam com uma política de não registrar absolutamente nenhum dado de navegação dos clientes, o que só é possível porque estão sediados na Suíça, cuja legislação garante que não são obrigados a salvar registros de conexão do usuário nem podem ser forçados a realizar registros direcionados a usuários específicos, o que garante que o seu histórico de navegação privado não pode ser entregue a terceiros sob nenhuma circunstância.
E essa política vale para todos os usuários, incluindo os que utilizem os serviços gratuitos da Empresa.
É claro que quem procura um serviço de VPN almeja a segurança da navegação na Internet em primeiro lugar. Eu também. Mas optei pela Proton em detrimento das concorrentes porque eles contam somente com servidores de alta velocidade, o que torna a sua navegação 400% mais rápida quando comparada com uma VPN normal. Ainda não é o ideal, mas quase.
Há, como disse acima, uma versão gratuita do serviço de VPN da Proton, que oferece tudo o que um usuário comum precisa, mas se o seu caso for mais complexo e específico, a modalidade paga vale muito a pena já que, dentre os diversos pacotes oferecidos, os preços variam de 3,99 dólares por mês a 172,56 dólares por dois anos.
Maiores informações podem ser obtidas no site da empresa, o https://protonvpn.com/pt_br/
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Essa coluna não foi patrocinada, mas poderia!
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