• Palanque do Zé #217 – O Fator Tripa no Primeiro Turno das Eleições 2022

    537 Jornal A Bigorna 09/10/2022 19:20:00

    Palanque do Zé

    Como prometido na última coluna, trago nesta oportunidade, os dados consolidados do Primeiro Turno das Eleições 2022. Tais informações foram todas retiradas do site do Tribunal Superior Eleitoral, com 100% das urnas apuradas. Agora, o resultado só pode sofrer alteração caso as candidaturas suspensas pela Justiça consigam reverter a situação. Entretanto, além de tal fato ser improvável, não traria grandes mudanças práticas.

    Visando clarificar o seu entendimento, caro leitor, optei por apenas indicar o link das votações obtidas pelos Deputados Estaduais e Federais, por serem muitos os nomes.  

     

    Os Deputados Estaduais eleitos por São Paulo podem ser conferidos aqui: https://resultados.tse.jus.br/oficial/app/index.html#/divulga/votacao-nominal;e=546;cargo=7;uf=sp

     

    Aqui, você confere como o avareense votou para Deputado Estadual: https://resultados.tse.jus.br/oficial/app/index.html#/divulga/votacao-nominal;e=546;cargo=7;uf=sp;mu=61891

    Os Deputados Federais eleitos por São Paulo podem ser conferidos aqui: https://resultados.tse.jus.br/oficial/app/index.html#/divulga/votacao-nominal;e=546;cargo=6;uf=sp

     

    Aqui, você confere como o avareense votou para Deputado Federal: https://resultados.tse.jus.br/oficial/app/index.html#/divulga/votacao-nominal;e=546;cargo=6;uf=sp;mu=61891

     

    Nesse ano, houve a renovação de 1/3 do Senado Federal. Como cada Estado possui três cadeiras na Câmara Alta do Congresso Brasileiro, havia apenas uma vaga por Unidade da Federação disponível, e em São Paulo, ela ficou com o Astronauta Marcos César Pontes, do Partido Liberal. Ele foi eleito com 10.714.913 de votos, ou 49,68% do total de votos válidos. Em Avaré, ele teve 25.281 votos, ou 62,70% do total.

    Como sabido, as disputas para o Governo do Estado de São Paulo e para a Presidência da República foram para o Segundo Turno, que ocorre no próximo dia 30 de outubro, das 08:00 às 17:00, pelo Horário de Brasília.

    A disputa pelo Palácio dos Bandeirantes foi surpreendente para quem ainda acredita nos institutos de pesquisa e ficou assim no Primeiro Turno: Tarcísio Gomes de Freitas (REPUBLICANOS) obteve 9.881.995 de votos, ou 42,32% do total, enquanto Fernando Haddad (PT) obteve 8.337.139 de votos, ou 35,70% do total.

     Interessante anotar que 2.149.776 de paulistas, no caso, 7,92% votaram nulo e 1.645.522, ou 6,06% do total votaram em branco. Dessa forma, 3.795.298 de pessoas (13,98%) não escolheram qualquer dos 10 postulantes ao cargo, enquanto o índice de abstenção foi de 21,67%.

    Tarcísio foi a escolha de 54,34% dos avareenses, enquanto Haddad foi escolhido por 29,51% da população. 8,10% anularam o voto enquanto 7,70% votaram em branco. Eu não consegui localizar no site do Tribunal Superior Eleitoral, o número de avareenses que não compareceram às urnas.

    Já a nível nacional, o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi a opção de 57.259.504 brasileiros (48,43%), enquanto o Presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL) foi o escolhido por 51.072.345 da população (43,20%).

    Com 100,00% das seções totalizadas, foi constatado que 123.682.372 de pessoas exerceram o direito ao voto no Brasil. Destas, 95,59% escolheram algum candidato, enquanto 2,82% optaram por anular e 1,59% votaram em branco. O Primeiro Turno das Eleições para Presidente contou com 11 candidatos neste 2022.

    O índice de abstenção ficou na casa dos 20,95%, próximo das médias registradas em pleitos anteriores.

    Como eu sei que você já está se perguntando, lá vai: Bolsonaro foi a escolha de 56,88% dos avareenses, enquanto Lula ficou com apenas 33,89% do eleitorado local.

    3,69% dos moradores da terra do Major Victoriano anularam o voto, e 2,73% votaram em branco. Aqui, novamente, não consegui localizar no site do Tribunal Superior Eleitoral, o número de avareenses que não compareceram às urnas.

    Uma vez que foram expostos todos os dados mais importantes, passo a tecer alguns comentários acerca da disputa para a Presidência da República.

    O ex-Presidente Lula, apesar de defender pautas que tradicionalmente não caem bem aos brasileiros, como descriminalização das drogas, aborto, diminuição dos poderes das igrejas e afrouxamento da legislação penal para crimes de menor potencial ofensivo, isso sem falar dos episódios de corrupção que o levaram à prisão numa história que todo mundo já sabe e que não preciso contar aqui, saiu do Primeiro Turno com 6.187.159 de votos a mais do que o Presidente Bolsonaro.

    Bolsonaro, por outro lado, conseguiu muitas vitórias de aliados, a ponto inclusive, de diversos jornalistas notadamente contrários ao seu Governo, dizerem que ele foi o grande vencedor do pleito.

    Isso porque o Presidente teve, no Primeiro Turno, quase 2 milhões de votos a mais do que no mesmo momento de sua Eleição, em 2018.

    Também conseguiu eleger as maiores bancadas da Câmara e do Senado, o que lhe permitirá – caso reeleito - levar adiante as pautas que são caras aos seus eleitores, tais como emenda à Constituição para garantir a posse e o porte de armas para o cidadão que se demonstre apto, reforma tributária, venda de Estatais e até processos de impeachment de Ministros do Supremo Tribunal Federal.

    Bolsonaro ainda conseguiu eleger 8 Governadores de Estado até o momento, o que significa dizer que a partir do ano que vem, ao menos 60% do território brasileiro será governado pela Direita, o que jamais aconteceu desde a redemocratização.

    Caso venha a perder a eleição para Lula, os aliados de Bolsonaro farão da vida do Petista um verdadeiro inferno político, pois poderão vetar seus indicados para Tribunais Superiores, Embaixadas, Estatais e derrubar seus Decretos, vetar seus Projetos de Lei e até trancar a Pauta do Congresso, dentre outras medidas habitualmente adotadas contra mandatários que não contam com maioria legislativa.

    Para encerrar a coluna, gostaria de analisar um aspecto interessante destas Eleições. Ele aconteceu em todos os níveis, mas usarei apenas a comparação entre os Governos Estaduais e Federal.

    Muitos bolsonaristas, a meu ver, não entendem como funciona o sistema eleitoral e seus passos. Não estou falando em termos legais, mas sim nos moldes que eu entendo que a coisa funciona, certo?

     

    1. Os “Pré-pré-candidatos” surgem nas bases dos partidos;
    2. Os “Pré-pré-candidatos” submetem seus nomes aos Diretórios;
    3. Os “Pré-pré-candidatos” que são escolhidos por seus Diretórios disputam as Convenções Partidárias organizadas por seus partidos;
    4. Os “Pré-pré-candidatos” se tornam, caso escolhidos pelas Convenções, Pré-candidatos;
    5. Os Pré-candidatos são registrados na Justiça Eleitoral e passam a ser Candidatos;
    6. Os Candidatos fazem suas campanhas e passam pelo crivo do Eleitor e, caso satisfaça seus anseios, passa a ser sondado por este;
    7. Caso o Eleitor firme sua convicção, faz sua escolha e passa a tentar, por meio de conversas, convencer as pessoas que o cercam e os seguem nas redes sociais, a adotarem para si, o seu Candidato.
    8. Hora do voto;
    9. Contagem do voto;
    10. Realização de cálculos matemáticos (quociente eleitoral etc.), pelo TSE, para se descobrir quem vai assumir o mandato no caso de eleições proporcionais;
    11. Divulgação oficial dos resultados, por parte do TSE;
    12. Diplomação e Posse.

     

    Oras... o que impede a pessoa de, entre os passos “6” a “8”, mudar de ideia? Absolutamente nada. E isso explica – MUITO em parte – os erros das pesquisas eleitorais e totalmente as divergências entre as pesquisas e o resultado das urnas. Afinal, pessoas não são como robôs programados para seguir um único e melhor caminho pré-definido.

     

    Pessoas tem sentimentos, cometem erros, são influenciadas e até mudam de ideia. Esse fenômeno, inclusive, tem até nome. Um amigo o chama de “Fator Tripa”. Se a lógica não explica uma pessoa votar num Governador do partido “A”, mas escolher um Presidente do partido “B”, que estão em espectros políticos distintos, o Fator Tripa explica.

     

    A meu ver, a grande dificuldade dos cientistas, psicólogos, sociólogos, jornalistas, professores, policiais, operadores do Direito, médicos, vendedores e demais pessoas que precisam entender o modo de agir das pessoas, é justamente compreender o funcionamento do Fator Tripa, que é imprevisível.

     

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