• Palanque do Zé #198 – Fez tanto frio que minhas baterias descarregaram!

    1078 Jornal A Bigorna 24/05/2022 09:50:00

    Palanque do Zé

    O frio não é amigo de quem fez cirurgias. E eu já fiz 10. As cicatrizes e os pontos onde os ossos foram recalcificados costumam doer ao menor sinal de mudança climática. Não gosto do frio porque diversas partes do meu corpo doem. O tempo todo.

    Semana passada, a quarta-feira foi o pior dia em Avaré, pois estava fazendo 6º graus e o sol não saiu, porque o clima estava predominantemente chuvoso, apesar de não ter chovido, o que foi bom.

    Tomar banho foi um sacrifício tão intenso, que decidi mudar o nome do box do banheiro para boxe! A cada gota de água que caía, eu ouvia em minha mente a ótima Eye Of The Tiger, da banda Survivor. A canção, que serviu de trilha sonora para o clássico Rocky Balboa, virou sinônimo de luta e pode ser ouvida aqui: https://youtu.be/btPJPFnesV4

    Mas, piadas a parte, o frio estava tão forte que as baterias da minha cadeira elétrica descarregaram cerca de 30% mais rápido e a do meu celular caiu de 21% para 4% em menos de 5 minutos, por volta das 20 horas.

    Isso acontece porque todo equipamento eletrônico tem uma faixa de temperatura ideal para trabalhar. No caso da maioria dos celulares, isso significa algo entre 20 a 40 graus Celsius, aproximadamente.

    Quando a temperatura oscila muito, problemas acontecem. Em temperaturas mais baixas há uma redução na atividade química no interior da bateria e isso afeta a produção de energia. Já quando está muito calor, a resistência interna diminui, a tensão da descarga aumenta e, em consequência, a capacidade ampère-hora e a saída de energia normalmente aumentam também. Como resultado, temos um péssimo desempenho do equipamento.

    Saber disso é legal e pode te livrar de algumas enrascadas, se você tiver um power bank (para o frio) e uma ventoinha (para o calor). Como todo bom sobrevivencialista, acredito que estar preparado é essencial. É melhor ter e não precisar, do que precisar e não ter, como bem nos alerta o ditado popular.

    Mas a realidade é que esses “problemas” de sentir dores nos locais das cirurgias, sofrer para tomar banho ou ter que carregar seus dispositivos mais de uma vez por dia nada representam perto do drama de quem vive nas ruas.

    É justamente nessa época do ano que pessoas morrem por hipotermia, simplesmente porque não contam com simples agasalhos, que custam pouco pra você, mas podem ser a diferença entre a vida e a morte para o próximo.

    Por isso, colabore com as campanhas de doação de agasalhos! Independente de quem as realize. Diversas igrejas, empresas, entidades da organização civil e governos as realizam nos meses mais frios do ano. Tenho certeza de que se você não pode comprar uma blusa ou cobertor, pode dispor de alguma peça esquecida no fundo do seu guarda-roupas!

    Esse ano, se tudo der certo, iniciarei o meu terceiro mandato como Presidente do Rotary Club de Avaré. E o nosso primeiro projeto será justamente a 5ª Campanha do Agasalho, que se iniciou através de uma ideia de minha esposa Anelissa, que era a Primeira-Dama do Clube e Presidente da Casa da Amizade, ainda por ocasião do meu primeiro ano à frente do Rotary.

    Graças aos meus companheiros de Clube, posso dizer que esse é um dos projetos que mais me enche de orgulho e satisfação. Poder ouvir as histórias daqueles que nada possuem – nem mesmo uma blusa – é uma experiência epifânica.

    A maior parte dos moradores de rua é de gente boa que, por uma razão ou outra, enveredou pelo caminho tortuoso das drogas ou pela sombria experiência de sofrer com doenças mentais. E a verdade é que nada, absolutamente nada, impede que amanhã ou depois, sejamos nós ou alguém que amamos, que esteja numa calçada literalmente morrendo de frio!

    Como disse o filósofo contemporâneo Mário Sérgio Cortella recentemente, “ninguém morre de fome ou frio, morre de abandono”.

    O brasileiro tem o péssimo defeito de exigir muito dos governos e pouco de si, mas a verdade é que, “a mudança verdadeira e duradoura”, acontece de baixo para cima, e não o contrário, como ensina Benê Barbosa, expoente do tiro nacional.

     

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