Em 2014 eu ainda era considerado um Advogado novato, apesar de já ter realizado talvez meia dúzia de sustentações orais no Tribunal de Justiça de São Paulo, que se localiza na Praça da Sé.
Como sempre faço até os dias atuais, após concluir o trabalho, aproveito para conhecer a cidade, afinal, não perco a chance de dar um “rolê aleatório”, como dizem na Internet.
E, daquela vez, calhou de o MASP estar com uma exposição internacional. Eu não tenho certeza, mas acredito que era do Edward Munch.
Fato é que minha Mãe e eu tínhamos 40 minutos para ver, por algum motivo que não me lembro também.
Assim que entramos, já fiz aquela varredura situacional que sempre faço, na qual analiso as pessoas ao redor, os eventuais perigos e as saídas de emergência, para o caso de dar ruim.
Nisso, percebi dois Árabes trajando roupas características e tudo. E o mais nervoso deles, carregando uma mochila preta nas costas.
Como aquilo me incomodou, fiquei atento. Mas também pensando: Você está sendo preconceituoso! Nem todo árabe é terrorista! Aliás, a maior parte deles é de gente do bem!
Mas eles estavam nervosos. E tinham uma mochila... Num museu!
O tempo foi passando e o desconforto, aumentando. Acredito que é por isso que não lembro da exposição, porque tenho boa memória, e esquecer de algo me é raro.
Conversei com a minha Mãe e ela falou que os caras só estavam vendo arte, assim como nós. Mas aquilo não me bastou. Chamei o Segurança de canto e lhe expliquei a minha interpretação dos fatos. E ele não deu a mínima atenção.
Passado alguns minutos, o tal do Árabe nervosinho tirou a mochila das costas e a deixou num canto e simplesmente saiu andando!
Pra mim aquilo era demais! Falei com minha Mãe e saímos do prédio imediatamente! Meu argumento foi: Nós seremos vítimas do primeiro (até aquele momento) atentado terrorista do Brasil!
Após sairmos do prédio, continuamos nosso tour pela Capital Paulista e foi um dia divertidíssimo, como quase sempre são nossos passeios.
Como sabido, nenhuma explosão aconteceu no MASP. Mas chegando no hotel, fui conferir nos jornais se estava mesmo tudo certo!