Após mais de trinta anos de uma massiva e criminosa campanha estatal promovendo o desarmamento civil no Brasil, parece que as coisas estão mudando para a melhor.
Os dados estatísticos apoiam plenamente essa minha afirmação uma vez que, segundo a Polícia Federal, entidade que cadastra a posse, transferência e comercialização de armas de fogo em todo o território nacional, houve 186.071 novos registros em 2020, um aumento de 97,1% em um ano.
No mesmo período, ocorreu um aumento de 108% nas autorizações para importações de armas de fogo de cano longo, tais como espingardas e fuzis.
O Brasil ainda experimentou no já mencionado período, alta de 29,6% nos registros de Colecionadores, Atiradores e Caçadores, os populares CACs.
Considero que tais dados são excelentes, porque demonstram que o brasileiro está cada vez mais descrente na política e consciente da necessidade de estar preparado para defender a si e sua família, sem terceirizar a segurança daqueles que mais ama, para o Estado.
Já falamos nestas mesmas páginas, sobre a função social da Polícia, e ela não envolve fazer a sua segurança individual, então não adianta dizer que o Estado pode retirar de você a ferramenta mais adequada que existe para a legítima defesa – ou seja, a arma de fogo – porque ele te protege de todo o mal.
Mas se eu defendo que você deve lutar para andar armado por aí, tenho a obrigação moral de lhe informar que tal fato lhe traz muita responsabilidade. Você não poderá consumir álcool, deverá evitar locais muito lotados e deverá ser sempre a pessoa mais calma e alerta das imediações, por exemplo.
Fora estar sempre muito bem treinado. Porque achar que, simplesmente por estar com uma arma na cintura, você está seguro, é o pior erro que você pode cometer. Pior do que andar por aí desarmado, inclusive.
Para que a sua arma seja uma ferramenta efetiva e equalizadora de forças na guerra do bem (você, os seus e quem mais estiver ao redor) contra o mal (os bandidos e malfeitores de toda a espécie), é imprescindível que seja bem mantida, limpa e manuseada.
Como estamos entre pessoas de bem, não preciso ficar dizendo o óbvio, então vou partir direto para os pontos principais, ok?
Você sente que, cada vez mais o Estado está perdendo o controle das coisas. O número de latrocínios, roubos, assaltos, estupros, invasões domiciliares e até ações coordenadas de grupos de assaltos à Bancos – tal como visto em Araraquara essa semana - estão cada vez mais frequentes. Logo, você ou os seus serão as mais novas vítimas desse horror.
É pensando nesse cenário que você sabe que está próximo, quando decide estar mais preparado. E aí você toma a decisão de se armar. Procura uma Escola de Tiro, passa no teste escrito, prático e psicológico e então se filia a um Clube, compra seu equipamento, dá uns tiros e tudo bem? Não!
Você precisa estudar o tempo todo, sem parar! Como anda a sua consciência situacional? Como é a sua reação sob estresse? Você sabe identificar os momentos anteriores ao caos, apenas analisando a atitude das pessoas?
E se eu te falar que a maioria esmagadora das situações de perigo podem ser evitadas com simples mudanças de comportamento? Dos seus comportamentos.
Que tal parar de xingar no trânsito? E se você prestar atenção ao seu redor ao invés de usar fones de ouvidos enquanto caminha? Se você mudar enquanto ser humano, jamais vai sentar-se num local público, de costas para a saída ou para o maior fluxo de pessoas. E também vai sempre prestar atenção sobre onde se encontram as saídas de emergência.
Não desanime! Ter uma arma não é difícil. Só exige treinamento, persistência, estudo e responsabilidade. Tanto quanto ter um carro ou um computador!
Nessa altura do campeonato, você deve estar se perguntando: “Tá. Mas apesar de tudo isso, o momento fatal ainda assim chegou para mim. E agora?”
Vamos aos fatos. Não preciso dizer que estamos falando única e exclusivamente sobre Legítima Defesa, não é mesmo? Afinal, combinamos mais acima, tratar apenas do que importa, e não do óbvio, certo?
Juridicamente, uma definição muito simplória da Legítima Defesa pode ser encontrada no Artigo 25 do Código Penal: "Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem".
Na prática, isso quer dizer que a Lei te autoriza a matar alguém se esta pessoa causar a você ou a alguém, uma atual agressão injusta ou estiver prestes a fazê-lo. Para tanto, você pode utilizar os meios necessários (armas de fogo, facas, golpes de artes marciais e etc.), desde que a sua utilização não seja desproporcional. Há um ditado muito bom para isso: Não se mata pardais com um tiro de canhão.
Salientando que sou absolutamente contra a caça de animais, exceto se for para a subsistência. Mas voltemos ao tema!
Como você estudou antes disso tudo acontecer, esse é justamente o momento para o qual você sempre se preparou! E como você agora sabe o que está acontecendo e conhece as mais diversas nuances da tragédia, está apto a se salvar e a – sempre que possível (mesmo) – ajudar o próximo!
Nesse caso, apenas duas coisas podem acontecer. A pior delas é você ser pego sem chance de reação. Se for esse o caso, nada de querer insistir para sacar sua arma! O objetivo é sair vivo, e não transformar a loja do bairro num campo de guerra, com tiros sendo disparados para todos os lados!
É nessa hora em que vale muito a pena ter decorado todas as regras de segurança do tiro, principalmente a que diz: “Certifique-se de que não haverá danos em potencial atrás do alvo". Ninguém em sã consciência deseja fazer vítimas inocentes ao neutralizar o inimigo, correto? Se o bandido não se importa com isso, a responsabilidade é toda sua. Tenha isso sempre em mente!
O outro cenário - esse mais benéfico para você, pessoa de bem - é aquele em que tem a oportunidade de sacar sua arma e agir!
E aí vem a importante questão: Atirar para matar ou para incapacitar o agressor?
“Para matar”, dirá logo o mais afoito. Mas não é tão simples. Os caras maus estão acostumados a tirar vidas, mas você que é do bem, não. Surgirão naturais questões éticas, morais e religiosas em sua mente. A verdade é que você já precisa ter decidido antes. E é justamente por isso que preciso me aprofundar nesse tema.
Imagine que você se encontra num tiroteio. A última coisa que passa pela sua cabeça é se o bandido irá sobreviver. Seu corpo, tomado pela adrenalina e estresse, só pensa em sobreviver e voltar para a casa. Mas para isso, você tem que se livrar da ameaça.
Nesse contexto, se o agressor irá morrer ou não, deixa de ser uma questão. E isso não depende da sua vontade. É uma mistura de ciência, realidade e uma pitada de sorte (dele, não sua).
Você, ainda que inconscientemente, só quer impedir que a ameaça continue a existir, então atira contra ela. Matar e incapacitar não são a mesma coisa, apesar de quase sempre nesse cenário, a incapacitação levar à morte.
E é por isso que temos que entender como incapacitar alguém, sob pena de atirarmos muitas vezes, correndo o risco de sermos atingidos, incorrermos em excesso de legítima defesa e, pior, podendo acertar inocentes.
Por isso, esqueça a ideia de acertar braços, pernas e abdômen. Isso só vai piorar as coisas, pois não irá cessar a agressão instantaneamente, que é o seu objetivo. Pelo contrário, irá enfurecer ainda mais o alvo, que fará de tudo para revidar.
Foi justamente isso que aconteceu no ano de 1986, na cidade americana de Miami, com os agentes do FBI que enfrentaram os criminosos William Russell Matix e Michael Lee Platt. Os dois, mesmo atingidos mortalmente, continuaram a combater e atingir policiais por cerca de quatro minutos. Nesse meio tempo, foram efetuados mais de 140 disparos. Impressionante, não?
Mas tem mais. um dos maiores médicos legistas do mundo, Dr. Vincent Di Maio, afirmou em um Tribunal: “Mesmo que eu me atirasse sobre o senhor neste instante, enfiasse minha mão dentro de seu peito, agarrasse seu coração e o arrancasse do corpo, o senhor poderia continuar parado onde está por dez ou quinze segundos ou inclusive caminhar na minha direção (...) porque o que controla seus movimentos e sua capacidade de falar é o cérebro, cujo suprimento de reserva de oxigênio dura dez ou quinze segundos”.
Como sabemos, num momento crucial, os tais “dez ou quinze segundos” podem ser a diferença entre a sua vida ou morte. Ou seja, saber onde atirar importa bastante.
Ter uma arma não é bacana. Se você deseja uma por estar na moda ou achar divertido, caia fora que é cilada.
Armas são para pessoas de bem que tenham amor ao próximo, responsabilidade social e vontade de aprender sempre.
Lembre-se: Não é sobre armas, é sobre liberdade.