É público e notório que os grandes Órgãos de Imprensa estão sofrendo uma queda de popularidade e de credibilidade.
Isso é absolutamente ruim para a democracia, porque o papel social da Imprensa - que é o de noticiar fatos e cobrar as autoridades - é a maior arma de que a sociedade dispõe contra a tirania.
A maior prova disso é que em países onde há um governo ditatorial, a primeira providência tomada pelo regime é a invasão de jornais, rádios e televisões, para posterior “estatização” da Imprensa: Cuba, Venezuela e Coreia do Norte são exemplos claros disso.
Mas se a Imprensa está como está, quem deve assumir a responsabilidade? Oras, a própria Imprensa! Afinal, quem publica inverdades, propaga mentiras e distorce os fatos em busca de ganho pessoal?
Para a emissão de opiniões, existem as colunas, tal como essa. Opiniões são imprescindíveis ao ambiente plural e democrático, porque permitem a construção do Brasil do amanhã. Mas quando leio uma notícia, não quero saber o que pensa quem a escreveu. Quero saber o que aconteceu. E só.
E, antes que digam, não estou aqui defendendo Bolsonaro, Lula, Jô Silvestre ou quem quer que seja. É muito menos atacando. Estou, como integrante orgulhoso da Imprensa desde 2002, defendendo a tese de que nos contentemos em fazer o que sabemos fazer de melhor: Informar, ensinar e fazer pensar.
Quando eu era criança, sempre ouvia os adultos dizerem: “Vi no (coloque o seu órgão de imprensa predileto aqui), que...”. E aquilo era lei. Hoje isso não acontece mais.
Para tentar descobrir a verdade de uma simples notícia do dia, preciso garimpar muito. E nem todos tem o tempo necessário, a capacidade financeira para assinar diversos sites e revistas ou sequer o estudo para compreender e interpretar um texto adequadamente.
Sei que parece complicado, mas vamos ao exemplo dessa semana:
Estadão: Polícia prende suspeito de participar de incêndio da estátua de Borba Gato.
Correio do Brasil: Polícia prende suspeito de atear fogo à estátua do bandeirante escravagista Borba Gato.
Terra: Fogo em estátua do Borba Gato em SP acirra disputa política.
O Hoje: Suspeito de vandalismo na estátua do Borba Gato em SP é preso.
Correio Brasiliense: Manifestantes incendeiam estátua de Borba Gato; saiba quem era o bandeirante.
Viram só? Em cinco manchetes de grandes jornais do Brasil, criminoso (porque depredar patrimônio público é crime) foi chamado de “suspeito” e “manifestante”. Tudo para tentar politizar um fato.
Que o Bandeirante Borba Gato – e 99% dos poderosos do seu tempo – era escravagista, a gente sabe. Da mesma forma que sabemos que foi “extraordinário desbravador de sertões”, como dizem os historiadores.
Mas o ponto não é quem foi Borba Gato. O ponto é que marginais, sob o manto sagrado do protesto (algo somente permitido aos que vivem sob o regime democrático de direito), vandalizaram patrimônio público.
Nesse diapasão, o título das matérias acima deveria ser mais ou menos assim: Em meio a protesto contra o Governo Federal, criminosos vandalizam estátua de Borba Gato. Um dos suspeitos pelo crime foi preso.
A Grande Imprensa precisa compreender de uma vez por todas, que se continuar agindo assim, logo não terá mais voz ativa perante a sociedade, pois estará no mesmo patamar das correntes de fake news espalhadas pelos “Tio do Zap” que existem em cada grupo chato que você se obriga a participar para não ser tido como uma pessoa antissocial.
As fake news não são criação da Grande Mídia, mas com certeza absoluta é o seu pilar de sustentação principal.