• Palanque do Zé #12: A verdade ao longo do tempo

    1661 Jornal A Bigorna 09/09/2019 12:30:00

    Palanque do Zé

    No dicionário, "verdade" pode ser definida como "propriedade de estar conforme com os fatos ou a realidade", enquanto "mentira" é o "ato ou efeito de mentir; engano, falsidade, fraude". Na teoria, são duas coisas muito distintas, mas na prática, nem tanto assim.

    Ao longo de toda a trajetória humana, procuramos fazer com que a verdade e a mentira se misturassem de tal que se tornassem uma coisa só.

    O ápice dessa maledicência se deu, penso eu, na década antes e durante a Segunda Grande Guerra Mundial, quando o Ministro da Propaganda Nazista, Paul Joseph Goebbels, que era muito conhecido pela sua grande capacidade de oratória, afirmou que "uma mentira contada mil vezes, torna-se uma verdade".

    Para ele, a tática funcionou tanto, que chegou a ser o sucessor de Hitler na Chancelaria da Alemanha, ainda que por um único dia - período que separou o seu suicídio com o de seu líder.

    Mas as coisas não pararam por aí, pois ainda haveria a chamada pós-verdade, um neologismo utilizado para sintetizar uma situação na qual, na hora de criar uma história visando controlar a opinião pública, os fatos têm menos importância do que os apelos às emoções e às crenças pessoais de cada um. Políticos, autoridades e pessoas influentes adoram se valer dessa técnica.

    Talvez você, caro leitor, agora esteja pensando: "Mas se eu descobrisse que estão me manipulando, ficaria muito bravo". Então, eu também. Mas tem gente que não. E foi exatamente daí que surgiram os famosos "argumentos de autoridade".

    O argumentum ad verecundiam ou argumento de autoridade, é uma falácia lógica, que se vale da palavra ou reputação de alguma autoridade a fim de validar o argumento de quem o sustenta.

    Exemplifico: Winston Churchill foi um grande líder durante a Segunda Guerra. Logo, ele deve ser ótimo em finanças. Ou seja, o argumento não considera que, apesar de Churchill ser um extraordinário político, ele não era uma autoridade em finanças, tanto que passou muitos apertos financeiros ao longo de sua vida, por ser perdulário.

    Fato é que a verdade e a mentira já não podem mais ser separadas tão claramente, de modo que devemos tomar muito cuidado com o que lemos, ouvimos ou vemos por aí.

    Checar a veracidade de tudo antes de repassar, é mais do que prudente, é um ato de civismo e responsabilidade. E está justamente aí, o grande valor dos meios de comunicação sérios como o Jornal A Bigorna: Repassar aos leitores, somente a verdade, ainda que ela seja inconveniente.

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