Com certeza você já ouviu o ditado “os opostos se atraem” e talvez tenha até o tomado como verdade. Isso porque existem pessoas que concordam com esse ditado, uma vez que é a sua realidade. No entanto, ao longo dos anos, vários pesquisadores desmistificaram essa teoria.
Um desses exemplos é esse estudo feito pela Universidade de Stirling, na Escócia, que acabou revelando que os opostos não se atraem. Pelo menos, nem sempre. “Formar relacionamentos significativos com outros é uma motivação humana fundamental e entender o mecanismo da atração pode facilitar ou ajudar a manter relações românticas e sexuais”, disse o Dr. Anthony Lee, pesquisador de psicologia na Faculdade de Ciências Naturais da Universidade de Stirling e coautor do estudo.
Para chegar a essa conclusão, Lee e seus colegas fizeram um experimento com 682 participantes que se conheceram em interações livres e rápidas. Depois desse encontro, foi pedido aos participantes que dessem uma nota para a outra pessoa.
“Pesquisas anteriores identificaram atributos faciais associados com a atratividade, como masculinidade ou feminilidade facial, média ou similar a um rosto com o seu. Geralmente, esses estudos ocorreram em condições artificiais; em laboratórios onde as pessoas davam notas para imagens de rostos reais ou digitais”, pontuou Lee.
Nessa análise feita por eles, um dos pontos principais que eles observaram foi que os participantes que tinham rostos parecidos se davam notas maiores no ponto da atratividade. O estudo também sugeriu que a quantidade de traços faciais femininos e masculinos indicavam em qual grau os participantes iriam se sentir atraídos nas interações cara a cara.
“Essas descobertas ajudam a confirmar que os resultados de outros estudos feitos em laboratórios também se aplicam às interações cara a cara na vida real”, disse Lee.
Conforme disse Amy Zhao, autora principal do estudo e doutoranda na Universidade de Queensland, na Austrália, esse trabalho é parte de um projeto maior a respeito de interações e atrações sociais quando os encontros são feitos olho no olho.
“Esses resultados sugerem que as pessoas podem buscar rostos parecidos com os delas em parceiros românticos porque neles encontram bondade, compreensão e confiança, devido à similaridade facial e ligação”, concluiu ela.
Essa possível atração entre os opostos é uma coisa bastante estudada. Tanto é que um outro estudo também usou esse tema, mas com relação a sexo e relacionamentos. “As pesquisas são bastante claras que não é verdade. Pessoas que compartilham interesses, temperamento e tudo mais tendem a ser mais propensas a se relacionar”, disse o psicólogo clínico Ramani Durvasula, especialista em relacionamentos tóxicos, na Califórnia, nos EUA.
Corroborando com essa fala, vários estudos mostram que amigos e parceiros românticos tendem a compartilhar hobbies, crenças e valores básicos. Além disso, as pessoas geralmente se sentem atraídas ou confiam em quem tem características físicas parecidas. Por isso que algumas pesquisas sugerem que as pessoas buscam alguém com uma personalidade parecida.
Tanto é que pesquisadores dizem que a maioria das pessoas, há muito tempo, são atraídas pelas que têm características, crenças e interesses em comum com elas. Além disso, existem várias evidências que sugerem que os opostos se repelem, principalmente nos pontos de vista e valores.
E com a polarização social, política e cultural cada vez maior no mundo todo, é possível que as pessoas estejam ainda menos propensas a se apaixonarem por alguém que seja seu oposto. Não se relacionar com opostos também está ficando mais fácil por conta de alguns fatores, como por exemplo, as redes sociais, que deixam cada vez mais fácil encontrar um parceiro em “bolhas” de pessoas com a mesma opinião.
Mesmo com todas essas evidências, existem várias razões pelas quais pode parecer que os opostos de atraem, como por exemplo, as diferenças superficiais que fazem as pessoas parecerem mais opostas do que realmente são.
“Um ‘economista certinho’ com um ‘artista desinibido’, por exemplo, a princípio pode parecer um casal antagônico, mas seus valores, seja em torno da família ou ideologia política, provavelmente vão ser semelhantes”, ressaltou Durvasula.(Fonte: Galileu,BBC)