O TEMPO
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Santos Peres
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Do armário sonhos batem asas
ao horizonte do olhar:
retalhos de dores arquivadas,
pétalas de frisos envelhecidos
que um dia a paixão reteve;
cheiro de alfazema-esquecida
no diário que o tempo apagou...
Uma foto distorcida
que a passagem da vida
maturou.
No armário a solidão tem peso
nas poucas coisas guardadas:
ossos de um esqueleto
chamado tempo
corroído pela saudade.