A chuva namora o rio:
penetra suas entranhas
entre raízes, pedras e lama...
Inventa nova geografia:
(virgens reentrâncias)
amando seu corpo masculino de rio.
Desgoverna suas margens
explorando enseadas;
tateando o escuro de sua alma,
lambendo suas curvas
com língua profunda
encharcada...
A chuva acaricia o rio
do seu jeito: de qualquer jeito;
pela força, por dentro,
cuidando para fluir em seu leito
a gravidez de um outro rio:
tentativa de oceano.
*Por José Carlos Santos Peres