
Nós, os seres
Se o mundo te perguntar quem você é, e você não responder, ele vai te falar.
Neymar é oco
“Um dia perguntaram a Diego Lugano, o zagueiro que fez bela história no São Paulo e na Celeste, se ele brincava quando criança de ser Obdulio Varela, o capitão do Uruguai no Maracanazo de 1950.
Lugano olhou firme nos olhos do entrevistador por alguns longos segundos e respondeu, seríssimo, em portunhol: "Não se brinca com los dioses". Mais não disse, nem era preciso.
Já Robinho não sabia quem era Nilton Santos, a Enciclopédia do Futebol.
Neymar fez até pior em entrevista a Romário.
Porque ser arrogante é mais feio que ser ignorante.
O melhor jogador da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, hoje senador, fez três perguntas a Neymar sobre no lugar de quem ele jogaria nas seleções brasileiras que conquistaram o tri, o tetra e o pentacampeonato mundiais.
Neymar escolheu Tostāo, em 1970, Dunga em 1994 e Rivaldo em 2002.
Justificou a primeira escolha com o que o próprio Tostāo escreveu certa vez, certamente por desconhecer a invencível modéstia do Mineirinho de Ouro e, provavelmente, por nem saber o significado de heresia.
No ataque que brilhou no México — Jairzinho, Gérson, Tostāo, Pelé e Rivellino— o lugar de Neymar seria no banco, aplaudindo os titulares.
Tostão, além do refinamento minimalista, jogava com uma noção de futebol coletivo jamais tangenciada por Neymar.
Que se escalou no lugar de Dunga nos Estados Unidos.
Ora, aqui a barbaridade é tática, nada a ver com qualquer comparação entre as qualidades dos dois.
Dunga só foi menos importante que Romário na campanha do tetra e Neymar teria lugar sim no ataque, mas na vaga de Bebeto, pois no auge dos dois o ex-santista foi superior —o que, registre-se, em nada diminui o brilhante desempenho de Bebeto naquela Copa.
Finalmente, o pecado ainda mais mortal: Neymar disse que jogaria na vaga de Rivaldo na Ásia.
O craque pernambucano superou a todos na conquista do pentacampeonato, conseguiu ser melhor que os Ronaldos, e tinha domínio absoluto dos fundamentos do jogo.
Tivesse Neymar o comportamento de Lugano, responderia ao Baixinho que com os deuses ninguém brinca e se limitaria a prometer empenho para ser Tostāo, Dunga ou Rivaldo na Copa do Mundo de 2026, sem se permitir a ousadia de substituir nenhum dos três.
Em vez disso, expôs-se ao ridículo, como se vivesse em realidade paralela e permitiu a comparação com Robinho.”- Juca Kfouri.
Educação não é amor
Educação e sala de aula estão muito em voga, cheio de erros, óbvio. A ideia estaria associada a "educação é um ato de amor, por isso é necessário ter coragem". Será mesmo? A educação hoje é um terreno baldio de modas motivacionais, tecnologia, marketing e fúrias ideológicas. Não vejo ninguém "amando" ninguém.
Coisificação
As pesquisas apontam que os jovens de hoje têm 50% menos vocabulário que os jovens dos anos de 1950 e 60. Com tantas redes sociais jogando coisificações nas crianças e adolescentes, os torna tão lentos em seus pensamentos e ideais que acabam num cubículo aleijado, pois toda forma de vício é ruim, deste modo, a juventude daqui algum tempo será um grande bando de ‘nadas na nadificação’ que hoje os define. Os historiadores do futuro rirão de nós daqui há 100 anos, ou até menos, afinal somos o que fazemos.
Coisificação 2
Uma pesquisa internacional da Words, apontou que cerca de 75% das pessoas entrevistadas sobre o que faziam, admitiram que passam mais tempo diante de uma tela do que de uma página impressa — lendo, obviamente um livro. Se isso é consolo, o sujeito fica mais tempo com os olhos a 10 centímetros da tela do que fazendo qualquer outra coisa, como trabalhar, namorar, admirar a paisagem ou não fazer nada. Eu arriscaria que 90% desse tempo diante da tela também não resultam em nada de útil ou objetivo. Não se olha necessariamente para a tela em busca de um dado, uma notícia ou uma informação. Olha-se para a tela, só isso.