Liturgia: “Joga fora tuas opiniões presunçosas, pois é impossível para uma pessoa começar a aprender o que ela pensa que já sabe” — Epicteto.
A vida é incompreensivelmente incompreensível
2022 findou-se. Iniciamos 2023 com erros e acertos, nada diferente. Os resquícios da pandemia de covid ainda existem e só não são sentidos por quem não percebe. Sofremos muito ainda e temos registrado mortes, mesmo com a atenuação e ajuda das vacinas. Somos seres tão pequenos que um vírus, algo que só se consegue ‘ver’ através de um microscópio, tira a vida de milhões de pessoas pelo nosso tão pequeno mundo. O homem, não é tão grande quanto pensa.
O filósofo francês Jeans Paul Sartre dizia que o homem nascia sem propósito e sua vida era extinta pelo inesperado. Duras palavras numa época em que clamamos por esperança. Vivemos infinitamente em nossa curta duração sempre com esperança, afinal, sonhar é possível e viver é um risco do qual não podemos fugir.
Até mesmo o falecido Papa bento XVI ao visitar os campos de concentração e ver as barbáries que ali foram cometidas contra seres humanos, questionou: “Onde estava Deus, neste momento?”
Deus uma palavra tão singela e habitualmente usada por quase todos. Sempre que me perguntam se acredito em Deus, acabou copiando a famosa frase de Einstein: “Acredito no deus de Spinoza”— “Aquele que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens”.
A vida é inefável é erudita é concisa é estoica. Nesse alamiré de verossimilhanças dessemelhantes vivemos num mundo onde pregamos a paz, mas vivemos em contínua guerra, seja ela interna ou externa, que nos aduz a reflexões que indelevelmente nos recusamos a refletir, afinal, vale mais a pena deixar ser, do que ser, sendo que é preciso um olhar de artista para notar que o fim da vida não difere de uma fruta tombando de uma árvore, assim a indiferença é um sólido meio-termo.
E neste meio-termo há a esperança e olhar para a bela vastidão do céu é um antídoto para a mesquinharia irritante das preocupações terrenas. De tal modo a realidade é que somos culpados de pensar que sabemos tudo, quando pouco sabemos compreender a vida — esta que é, inadvertidamente e incompreensivelmente incompreensível.
2023 já começou!