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José Carlos Santos Peres
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Mudei rota migratória de andorinhas
para aplacar o inverno de tua indiferença;
caminhei sobre a prancha
do navio pirata de tuas exigências.
Cuidei de tuas chuvas, plantas,
pratas e preguiça;
fiz graças ao teu fastio.
Lamento dizer-te, agora que açucares azedaram
a chávena da ingratidão,
da precariedade dos nossos afetos.
Cedo descobri te amando mais
que minhas forças podiam:
exauri-me em cais abandonados;
pelos desertos de telefones e absintos
em mesas-solidão quando a lâmina
de tua beleza fria e distante
retalhava-me o peito e empalidecia as flores.
Hoje, olho-te nos vincos e fugas deste teu rosto
e não mais me enxergo nesse espelho que se perdeu...
Destruamos, então, nossas Mesquitas e Altares;
as taças onde brindamos nossos infortúnios.
Há pressa... Tardia pressa para o salto
do décimo andar deste adeus