• Era noite de Natal

    173 Jornal A Bigorna 24/12/2024 19:10:00

     

    Os sinos da Igreja já badalavam, as famílias da minha rua estavam festejando, confraternizando, a maioria das casas de meu bairro eram boas, a nossa mais simples e de três cômodos moravam além de mim meu pai, mamãe, vovô e vovó.

    Meu pai era porteiro num condomínio de luxo, e não estava conosco, ele trabalhava às noites, seu salário era nosso único sustento. Minha mãe havia tido um AVC, mas nunca conseguiu se aposentar. Era doceira e hoje não consegue mais fazer o que tanto amava e ajudava nas despesas da casa.

    Saí no portão e vi as crianças nas ruas com seus novos brinquedos correndo pra todos os lados. Minha mãe havia feito uma lentilha para comermos naquele Natal, era, naquele momento, o que tínhamos, eu sabia disso; uma estrela vermelha pairava logo acima de mim e eu fiquei ali olhando-a. Nossa casa tinha sido entrecoberta por demais casas mais luxuosas , entretanto nós permanecíamos ali; noutro momento, quis saber por que éramos tão pobres e fiquei a fitar àquela estrela tão linda que pairava sobre nossa casa.

    Então ouvi minha mãe me chamar para ir comer, quando de repente me assustei ao ouvir uma voz suave me chamar.

    —Olá, Jonas.

    Confesso que assustei com o aspecto daquele homem a minha frente e como ele sabia meu nome. Um cheiro de perfume de rosas pairou naquele momento tão sutil e indecifrável.

    Alto com barba lisa e um cabelo longo, o homem vestia uma roupa diferente, que nunca tinha visto antes, além disso parecia um vestido longo.

    De olhos arregalados fitei olhando-o, sem entender e de onde viera tão de repente.

    Ele se agachou e beijou minha testa e depois me entregou uma caixa.

    —Querido menino, agora entre e entregue para sua mãe.

    Abaixei para ver o que era, e ao olhar novamente aquele homem não estava mais ali. Simplesmente havia sumido, assim como apareceu do nada.

    Entrei correndo e dei a caixa para minha mãe.

    —O que é isso menino?

    —Não sei, um homem alto e de cabelos longos, e um pouco alto me entregou e falou para dar para a senhora.

    A caixa estava embrulhada com um papel vermelho e uma fita branca. Minha mãe abriu lentamente, e notei lágrimas em seus olhos.

    Por fim, ao desembrulhar tudo havia um grande chester e muito doces e presentes que nunca tinha visto em minha vida. Nunca havíamos tido uma ceia de Natal, aquela era a primeira vez,  parecia um milagre....

    —Mamãe quem era aquele homem?

    Minha mãe estava com os olhos marejados de lágrimas e olhava para meus avós que choravam.

    Era noite de Natal!

     

     

     

     

     

     

     

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