Renato Feder, escolhido pelo governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos) para comandar a educação de São Paulo, tem em seu currículo a atuação em grandes empresas e uma gestão de resultados e embates à frente da Secretaria da Educação e do Esporte do Paraná.
Em julho de 2020, ele foi convidado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para ser ministro da Educação após a saída de Abraham Weintraub, mas desistiu depois de sofrer ataques de apoiadores de Olavo de Carvalho e de evangélicos.
Após passar o início da infância em Mogi das Cruzes (na Grande São Paulo), onde sua família fundou o grupo Elgin, Feder se mudou para a capital do estado.
Em São Paulo, fez o ensino médio no Colégio Palmares (1993-1995), estudou administração na FGV (1997-2001) e fez mestrado em economia na USP (2002-2005), apresentando a dissertação "Remuneração variável: um teste do Modelo do Táxi em uma empresa brasileira".
Em 2000, Feder ingressou como estagiário no Serasa e, em 2003, foi convidado pelo amigo Alexandre Ostrowiecki para ser seu sócio. Juntos, os dois transformaram a Multilaser de uma empresa de reciclagem de cartuchos para impressoras em uma grande companhia de tecnologia —ela fez seu IPO (oferta inicial de ações) no ano passado.
"Em 2018, saí da operação da empresa para me dedicar à educação pública. Paralelo a isso, trabalho com educação há 20 anos, como professor de matemática, economia e diretor de escola filantrópica", contou Feder, em 2020, em sua página no Twitter.
Também na rede social, ele já afirmou que é a favor de uma educação que "coloca alunos e professores no centro do processo. Um ensino que foca no aprendizado, no domínio da matemática, português e demais disciplinas" e que tem convicção de que sua missão de vida é ajudar na educação do país. "Sinto-me feliz fazendo esse trabalho e podendo devolver ao Brasil um pouco das bênçãos que recebi na vida", escreveu.
Ele atuou por alguns meses como assessor técnico voluntário na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e, em janeiro de 2019, assumiu a pasta no Paraná.
Em sua gestão, Feder conseguiu colocar as escolas estaduais paranaenses entre as de melhor desempenho na última edição do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) —em 2017, o estado estava em 7º lugar, e em 2021, em 1º—, o que chamou a atenção da equipe de Tarcísio.
Ele também foi responsável por implementar um sistema de teleaulas para alunos do ensino médio para contornar a falta de professores no estado —o que provocou manifestações contrárias dos alunos— e aumentou a oferta do que chama de ensino técnico.
Durante sua gestão, Feder ainda promoveu uma das maiores ampliações de escolas cívico-militares no país. De 2020 a 2022, ao menos 195 escolas estaduais paranaenses passaram a ter o modelo.
Considerado liberal, no passado ele chegou a defender a privatização do ensino e a extinção do Ministério da Educação. No livro "Carregando o Elefante: como transformar o Brasil no país mais rico do mundo", Feder e Ostrowiecki defendem a tese de que o governo deveria reunir oito ministérios e as funções das pastas de educação e saúde deveriam ser transferidas para agências reguladoras.
Para o sistema de ensino, sugerem a implantação do sistema de vouchers, em que famílias receberiam uma espécie de cupom com o qual matriculariam os filhos em uma escola particular. O valor do cupom, então, seria pago diretamente à escola pelo governo.
À frente da Educação do Paraná, porém, ele afirmou ter mudado de ideia. "Escrevi um livro quando tinha 26 anos de idade. Hoje, mais maduro e experiente, mudei de opinião sobre as ideias contidas nele. Acredito que todos podem e devem evoluir em relação ao que pensavam na juventude. Gostaria de ser avaliado pelo que eu penso e faço hoje, como um gestor público, ao invés de um livro escrito quinze anos atrás", comentou no Twitter.(Da Folha de SP)