Levou apenas pouco mais de três meses para o Brasil bater, em 2024, o recorde de ano mais letal por dengue da série histórica mantida pelo Ministério da Saúde. Segundo atualização do Painel de Monitoramento de Arboviroses, do governo federal, nesta segunda-feira, já são 1.116 mortes pela doença até agora, além de outras 1.593 suspeitas em investigação.
Com isso, o país ultrapassou os 1.094 óbitos registrados no ano passado, que carregava o título de com mais vítimas fatais pela dengue até então. Além disso, essa é a terceira vez consecutiva que o Brasil quebra o recorde de mortes por dengue: em 2022, o país registrou 1.053 vidas perdidas.
Porém, um diferencial deste ano é a rapidez com que o número foi alcançado: tanto em 2022 como em 2023, o recorde foi batido oficialmente apenas em dezembro, com o resultado da análise de diversos casos que estavam em investigação. A velocidade agora reflete a alta histórica de casos que o país vive neste ano.
De acordo com a última atualização do painel, já foram 2,7 milhões de casos prováveis até agora, também o maior número já registrado num ano. Em relação ao ano passado, por exemplo, o último informe mais detalhado do Ministério da Saúde mostra que os casos até o dia 30 de março eram 344% superiores aos do mesmo período do ano passado.
— Essa explosão de casos de dengue e o consequente aumento no número de mortes no Brasil podem ser atribuídos a um conjunto de fatores. Primeiramente, variações climáticas, incluindo períodos de chuva intensa seguidos de calor, que criam condições ideais para a proliferação do Aedes aegypti. Além disso, a urbanização desordenada e a inadequada gestão de resíduos sólidos em algumas regiões facilitam o acúmulo de água parada, onde os mosquitos se reproduzem — diz Leonardo Weissmann, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, e professor da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP).(Do Globo)