• Covid: Reinfecção pode aumentar risco de agravamento e sequelas, sugere estudo

    728 Jornal A Bigorna 18/11/2022 14:30:00

    A reinfecção por covid-19 parece trazer riscos adicionais de complicações em diversos órgãos, além de incrementar a chance de morte e de hospitalização, sugeriu um estudo de pesquisadores da Universidade de Washington, publicado na renomada revista científica britânica Nature.

    Segundo os pesquisadores, os riscos foram mais pronunciados na fase aguda da doença, mas persistiram na fase pós-aguda, aos seis meses subsequentes. Além disso, os ônus foram cumulativos, com os resultados podendo ser piores a cada nova contaminação.

    Os pesquisadores relatam que “os mecanismos subjacentes ao aumento dos riscos de morte e resultados adversos à saúde na reinfecção não são completamente claros”. Porém, apontam que “a saúde prejudicada, como consequência da primeira infecção, pode resultar em risco aumentado de consequências adversas à saúde após a reinfecção”.

    O estudo joga luz sobre o risco da reinfecção em um momento em que o Brasil enfrenta um novo aumento de casos da doença, puxado por subvariantes da Ômicron, a BQ.1 e a BE.9, que parecem ser mais transmissíveis e ter maior escape vacinal. Especialistas orientam que pacientes, principalmente os que ficaram com sequelas, devem redobrar cuidados e evitar nova infecção.

    Em entrevista à agência de notícias britânica Reuters, um dos autores do estudo Ziyad Al-Aly, da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, contou que pacientes têm chegado aos serviços de saúde com certo “ar de invencibilidade”. “Eles se perguntam: reinfecção realmente importa?’ A resposta é sim, com certeza”, afirmou. “A reinfecção aumenta o risco de resultados agudos e de covid longa.”

    O estudo estimou que, quem se infecta novamente, tem duas vezes mais chance de óbito e três vezes mais probabilidade de necessitar de internação hospitalar, do que paciente sem quadro prévio. Além de 3,5 vezes mais risco de desenvolver sequela pulmonar, mas também em sistemas extrapulmonares, como 2,4 vezes mais chance de distúrbio gastrointestinal.

    O infectologista Julio Croda, professor da Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e da Yale School of Public Health, que não está envolvido na pesquisa, acrescenta que os pacientes devem ser de um grupo bastante específico de pessoas mais vulneráveis à doença e suscetíveis a manifestações graves. “Muito provavelmente é um grupo de pessoas mais idosas, imunossuprimidas.”

    No entanto, fala que o estudo é uma prova da gravidade da covid, uma vez que avalia que o aumento de risco de hospitalização e morte é um “comportamento comum” de “doenças graves que geram sequelas”. “Como as infecções podem gerar sequelas cumulativas, o risco de hospitalização e óbito é cumulativo também.” Nesse sentido, pede cautela aos que já tiveram a doença, principalmente aos que “evoluíram com alguma sequela”.

    O estudo destaca que o aumento de risco foi “evidente” quando comparou pessoas que estavam com a imunização completa.

    A infectologista Raquel Stucchi, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), porém, destaca que isso não significa que a vacina não funcione ou não seja importante. “A vacinação diminui o risco de você ter uma forma grave na infecção aguda. O que o estudo mostra é que, mesmo quadros leves, podem, no período de seis meses, ter complicações relacionadas a essa infecção leve. E que isso a vacina acaba não conseguindo diminuir o risco.”

    Para ela, o recado do artigo é claro: é preciso evitar pegar a doença. “E evitar ter covid novamente é evitar aglomeração, voltar a usar máscara e higienizar as mãos quando estiver em ambiente fechado ou aberto com aglomeração.”

    Croda avalia também que fica cada vez mais evidente o desenvolvimento de uma vacina que proteja melhor contra a infecção, para além da proteção conta hospitalização e óbito.(Do Estado)

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