Cientistas descobrem uma variante nova da Covid-19 na Indonésia tida como ‘a mais mutante’ que já viram. A versão, coletada de um cotonete de um paciente em Jacarta, tem 113 mutações únicas - para comparação, a ômicron carrega cerca de 50 mutações - trinta e sete das alterações afetam a proteína spike, estrutura onde o coronavírus usa para se prender aos humanos.
Apesar do número, até o momento, cientistas afirmam que a cepa não oferece risco nenhum aparente e, mesmo que existisse, não levaria o mundo a precisar de qualquer tipo de bloqueio. O número grande de mutações refere-se a enorme capacidade de transformação do vírus, mas não tem relação com a transmissibilidade ou agressividade.
Acredita-se que o novo vírus seja gerado por um caso de infecção crônica. Ou seja, quando o paciente ao invés de vencer o vírus em algumas semanas, sofre uma infecção prolongada que pode durar meses. Elas geralmente ocorrem em pessoas com sistema imunológico comprometido, como portadores do vírus HIV ou pacientes em tratamento contra o câncer, o que os torna menos capazes de combater o vírus com sucesso.
Essas infecções, entretanto, preocupam os cientistas porque criam as condições perfeitas para a mutação do Covid-19, potencialmente permitindo que ele passe pelas defesas do corpo. Isso poderia, teoricamente, criar uma cepa mais capaz de driblar a imunidade natural do corpo, ou a das vacinas. As mutações na proteína spike, como as da cepa recém-observada, são as que mais preocupam os especialistas.
“Este vírus continua a nos surpreender e ser complacente é perigoso. À medida que o vírus se espalha e continua a sofrer mutações, inevitavelmente resultará em infecções graves nos mais vulneráveis e também aumentará o peso das consequências de longo prazo da infecção”, disse, Lawrance Young, virologista da Universidade de Warwick.
Pesquisadores afirmam que essa mutação estendida pode ser prejudicial para o próprio vírus, visto que ele pode não crescer bem, devido a quantidade de carga genética mutante, e apresentar um baixo risco à população. Porém, eles também reconhecem que ainda é cedo tirar conclusões.
Detalhes sobre o paciente do qual a amostra foi coletada, sua saúde atual, idade e sexo não foram revelados.(Do Globo)