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Santos Peres
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Segunda amanhece fazendo feira na rua:
uma idosa dá passagem ao cão sujinho
enquanto recolhe pedaços do fim de semana
de uma cesta para lixo;
aquela moça loira de todas as manhãs
apressa passos enquanto briga
com os cabelos quase molhados
espargindo um leve toque amadeirado.
O senhor levanta a porta da oficina
para o primeiro “celtinha” engasgado do dia,
não sem antes afagar a preguiça do gato
e dependurar o canário para bicar a manhã.
Segunda amanhece com cara de segunda:
um vento atrasado da madrugada
roda as folhas soltas de uma árvore,
talvez para brincar com a paciência do gari.
Na casa a mulher passa café
e dispõe o leite na jarrinha da Nadir,
enquanto o homem amarga a fala:
o pãozinho subiu...