• Corregedoria indicia 17 PMs por suspeita de envolvimento em caso de delator do PCC

    380 Jornal A Bigorna 16/04/2025 20:00:00

    A Corregedoria da Polícia Militar indiciou 17 integrantes da corporação sob suspeita de crimes ligados ao assassinato de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, empresário e delator de um esquema de lavagem de dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital). Ele foi morto a tiros de fuzil em novembro do ano passado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

    Entre os indiciados estão os três policiais militares acusados de executar o assassinato. O cabo Denis Antonio Martins e o soldado Ruan Silva Rodrigues, ambos da Polícia Militar, são suspeitos de atirar no empresário. Já o tenente Fernando Genauro da Silva —que trabalhava na 1ª Companhia do 23º Batalhão da PM, na capital paulista— é suspeito de dirigir o carro em que estavam os executores do crime.

    Outros 13 policiais indiciados trabalhavam na segurança particular de Gritzbach. O trabalho como escolta, embora considerado comum na corporação, é uma transgressão disciplinar na PM. Há ainda um indiciado apenas por falsidade ideológica e prevaricação.

    Todos estão presos há meses. O indiciamento conclui a fase de investigação perante o Tribunal de Justiça Militar. Outros processos criminais contra os mesmos indiciados correm na Justiça comum.

    A Corregedoria não encontrou indícios de que a escolta de Gritzbach tenha participado do assassinato. No entanto, a investigação afirma que eles tinham conhecimento dos crimes que o delator havia cometido e sua conexão com o PCC.

    Por isso, concluiu que esses policiais integravam organização criminosa. Um deles foi indiciado apenas A defesa deles contesta essa conclusão.

    "Ao aderirem de forma livre e consciente à prática os militares não apenas se afastaram dos deveres e valores institucionais da PMESP, como também afrontaram os pilares da hierarquia e disciplina, comprometendo a imagem da corporação e a confiança da sociedade", diz trecho do relatório conclusivo da Corregedoria. "Em vez de proteger a população, os agentes passaram a proteger criminosos faccionados ao PCC."

    Segundo investigação da Polícia Civil, Gritzbach foi morto pelo trio de PMs por ordem de Carlos Gongorra Castilho, conhecido como Cigarreira. Ele teria ligação com o PCC e teria encomendado o assassinato em resposta à morte de Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, e do motorista dele, Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue, em 2021.

    Gritzbach era o principal suspeito da morte de Cara Preta num inquérito aberto pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) naquele ano. Ele negava participação no assassinato e afirmava ser vítima de um conluio entre policiais e integrantes do PCC para incriminá-lo.

    Em depoimento à Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, em outubro do ano passado, Gritzbach teria acusado Castilho de ser o articulador do plano de apontá-lo como o mandante da morte de Cara Preta, assassinado no fim de dezembro de 2021 quando estava em um carro no bairro do Tatuapé, na zona leste de São Paulo.

    As acusações de falsidade ideológica e prevaricação são contra um tenente da PM que, segundo a investigação, alterou escalas de trabalho para acobertar as faltas no trabalho de um soldado que integrava a escolta de Gritzbach. O soldado havia viajado com o delator a Maceió —viagem da qual ele voltava quando foi morto—, mas seu pedido de dispensa de serviço na corporação não havia sido processado.

    O advogado Ivelson Salotto, que defende alguns dos integrantes da escolta, afirmou que "a Corregedoria da Polícia Militar quer confundir a opinião pública" ao induzir, segundo ele, que existiria uma relação entre os executores do assassinato e aqueles que participaram de sua segurança de alguma forma.

    "A prisão do grupo da segurança encontra-se ilegal, pois além do excesso de prazo, não há justificativas de ordem legal e plausível para a manutenção da prisão cautelar", afirmou. "Não oferecem qualquer risco a ordem pública e a persecução do eventual processo penal."

    Segundo Guilherme Flauzino, que também defende integrantes da escola, não há "qualquer elemento de prova constante nos autos que ateste a existência de uma suposta Organização Criminosa" ou qualquer prova de vínculo entre esses policiais e alguma facção.

    Procurada para comentar o indiciamento, a Secretaria de Segurança Pública ressaltou que "como resultado das investigações, 17 policiais militares permanecem presos".(Da Folha de SP)

    OUTRAS NOTÍCIAS

    veja também