• Corregedoria diz que PCC infiltrou três bases na tropa de elite da PM

    821 Jornal A Bigorna 21/01/2025 17:50:00

    A organização criminosa que se infiltrou na Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) a mando do PCC fincou três bases no coração da tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo: uma com a missão de assassinar desafetos da facção, outra de inteligência e outra para fazer escoltas.

    Alguns militares eram responsáveis pelo ‘cancelamento de CPFs’ - assassinatos de rivais e desafetos. Outros abasteciam a facção com informações privilegiadas sobre operações policiais. O terceiro grupo cuidava da segurança pessoal de faccionados, entre eles o delator Antônio Vinícius Gritzbach, fuzilado na tarde de 8 de novembro do ano passado no Aeroporto Internacional de São Paulo.

    As informações constam de um inquérito administrativo da PM que descobriu como policiais da Rota vazavam informações para o PCC a fim de proteger seus integrantes de prisões e de eventuais prejuízos a seus ‘negócios’.

    Os três grupos que se instalaram no quartel secular da Rota, uma notável construção de paredes amarelas da Avenida Tiradentes, na Luz, foram citados no pedido que a Corregedoria da PM enviou à Justiça de São Paulo para deflagração da operação que prendeu, na última quinta, 16, quinze policiais militares supostamente ligados ao PCC e envolvidos com a execução de Gritzbach. No sábado, 18, mais um militar, tenente da PM, foi preso em Osasco.

    A logística da suposta quadrilha de policiais - com a divisão entre os núcleos operacional, de vazamentos e de seguranças - levou a Corregedoria a fundamentar o pedido de prisão de todos os suspeitos, a eles imputando o crime de organização criminosa.

    Segundo a PM, ficou demonstrado que os agentes tinham fins criminosos - no caso, especificamente, os que faziam a escolta de Gritzbach.

    “Todos sabiam para quem prestavam atividade de segurança, foram escolhidos para tal serviço por serem militares e valiam-se disto para encobrir e dar benefícios ao empresário em troca de dinheiro e favores (viagens, por exemplo)”, frisou a Corregedoria ao pedir a prisão dos agentes.

    Segundo a Corregedoria, foi possível identificar uma “divisão ordenada de tarefas com objetivos previamente ajustados em torno dos crimes almejados pela organização, no caso dos militares, dar segurança e auxiliar na prática da lavagem de capitais perpetrada por Gritzbach, crime punido com pena máxima superior a quatro anos”.

    Os corregedores apontam que os PMs fizeram um “ajuste criminoso” e discutiam em mensagens a “ilicitude” de suas ações. Na visão da Corregedoria, os PMs confessaram, nos diálogos recuperados, a prática de crimes em troca de dinheiro e benefícios.

    “Mesmo sabendo que aquilo era declaradamente ilícito, diziam não se importar, não havendo como se falar em mera relação empregatícia”, aponta a Corregedoria.

    A descoberta de PMs da agência de inteligência da Rota cooptados pela facção colocou em xeque todo o esquema de combate ao crime organizado no Estado. Durante anos, o grupo de Atuação especial e Combate ao crime Organizado (Gaeco) usava policiais da agência da Rota para fazer levantamentos de endereços de bandido, buscas e prisões em operações.

    As revelações do inquérito são consideradas gravíssimas por integrantes do Ministério Público e ameaçam demolir uma estrutura que garante até mesmo a segurança de autoridades no Estado. Na PM, discute-se como a situação chegou a tal ponto sem que os comandantes do 1º Batalhão de Choque se dessem conta.(Do estado de SP)

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