Meu plano não era continuar contando essa história, disse Jeremias - que claramente estava satisfeito com a insistência do pessoal do bar, para que ele continuasse.
Mas como nenhuma história tem sentido sem plateia, eu vou continuar.
Desde que eu havia saído do bar da Sauverina e ido pra casa, encontrar Geraldo me era uma questão de honra.
E mais do que isso: De vida ou morte, afinal, o fator surpresa já havia acabado e, a essa altura dos acontecimentos, provavelmente ele já sabia das minhas intenções e poderia dar o bote!
Por isso, assim que amanheceu, lavei o rosto na mesma bacia que um dia fora da minha mãe, tomei um copo de café preto, afiei meu facão e fui procurar Geraldo.
Como era segunda feira, ele devia estar trabalhando na plantação de palmitos do Moisés, então procurá-lo naquelas bandas era o mais sensato a se fazer.
Finalmente o encontrei. Geraldo estava agachado cuidando de alguma coisa que o entretinha, pois sequer me percebeu chegando. Se bem que também não dei bandeira, sabe como é, me aproximei sorrateiramente.
Mais rápido do que eu mesmo podia imaginar, puxei o facão e desferi o golpe fatal.
Estava tudo resolvido.
Esse pode não ser o melhor jeito de resolver os assuntos, mas é a forma como conhecemos. E é a mais rápida também.
Sei que se pisar na bola com alguém, serei eu o partido em dois. E é exatamente por isso que eu não me intrometo nos assuntos alheios, não saio com mulher casada e não pego o que não me pertence.
Já tenho 59 anos e consegui permanecer vivo com essa filosofia de vida, como vocês gostam de dizer aí no sul do Brasil, até hoje.