Me chamo Jeremias e sou matador de aluguel. Mas não uso armas de fogo. Resolvo as coisas com um facão. Aliás, aqui no meio da Amazônia, todos resolvem seus assuntos com um facão.
Uns fazem extração de palmitos e coisas assim, outros abrem novas trilhas e eu corto pescoços.
Mas chega de falar de mim. Vamos falar do Geraldo, o que eu tenho que transformar em dois.
De acordo com o meu Cliente, o qual não vou revelar o nome por razões óbvias, o futuro Morto inseminou suas vacas de raça com sêmen de touros sem procedência, só para causar prejuízo.
Não foram uma ou duas vacas. Foram 12! Isso significa que o meu Cliente perderá, enquanto as vacas estiverem prenhas de bezerros impuros, cerca de R$ 50 mil.
E a vida de um vagabundo vale muito menos do que isso. Aliás, um dia eu piquei um cara todinho por um litro de óleo de cozinha. Vocês aí de São Paulo e Rio de Janeiro podem ficar horrorizados com isso, mas garanto que não cozinham sem óleo!
Enfim, o fato é que fui procurar o tal do Geraldo no barraco dele. Eram cerca de 21 horas e cheguei de mansinho, por entre as árvores, e fiquei espiando. Meu objetivo era pegar ele na traição.
Fui me aproximando da casa bem devagarinho, preparando o bote. Quando cheguei na janela, vi que o desgraçado não estava.
Me afastei desolado e deixei a adrenalina baixar. Meu sangue estava fervendo, afinal eu achava que estava prestes a entrar em uma luta corporal.
Esperei os pensamentos voltarem ao lugar e comecei a matutar. Como nossa Vila era pequena, ele não tinha muitas opções de onde ir.
Então fui ao bar da Sauverina para ver se me encontrava com o Vagabundo por lá. Meu plano era simples: Entrar agindo naturalmente, pedir uma pinga e, quando o momento surgisse, fazer o couro comer.
Mas Geraldo também não estava lá. E eu não sabia onde mais ele poderia estar.
Fui para minha casa frustrado e matutando se Vagabundo também tinha Anjo da Guarda.