Facções criminosas, e não políticas públicas, têm sido a principal causa da variação das taxas de homicídio no Brasil na última década, segundo apontam estudos e especialistas que analisam os dados de violência no País. A conclusão põe esses grupos organizados como protagonistas do sobe-desce de assassinatos que as cidades brasileiras registram nos últimos anos.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou neste mês os dados mais recentes de violência, mostrando queda de homicídios no Brasil em 2022, a quarta em cinco anos. Mais do que o efeito de algum projeto ou medida das polícias e Estados, o que essas análises apontam é o peso preponderante do atual equilíbrio na tensão nacional entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV), e de facções regionais.
Um grupo de sete pesquisadores se debruçou sobre o tema e publicou em 2022 um estudo analisando a variação de homicídios em quatro capitais (São Paulo, São Luís, Maceió e Porto Alegre) e a relação com as dinâmicas das facções nesses territórios. O trabalho foi publicado na Dilemas, revista de estudos de conflito e controle social, ligada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo os escrevem os especialistas, “a articulação entre regimes de poder coexistentes nas periferias, materializados nas disputas pelo controle de mercados ilegais e pelo ordenamento dos conflitos cotidianos entre facções é, de longe, a principal causa das variações notáveis nas taxas de homicídio no Brasil nas últimas décadas”.(Do Estado de SP)