O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) afirmou que teve “que se curvar ao Parlamento”, após a criação do orçamento secreto, institucionalizado durante a sua gestão. Segundo o atual chefe do Executivo, “o orçamento não é secreto, secreto é o nome dos parlamentares”.
As declarações do presidente foram dadas durante entrevista nesta sexta-feira, 21, promovida pelo Estadão, Rádio Eldorado e um pool de empresas (SBT, CNN, Veja, Terra e Rádio Nova Brasil). O encontro substituiu um debate que o ocorreria entre Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – o petista recusou o convite.
Na entrevista, Bolsonaro afirmou que gostaria de ter o controle do orçamento separado para controle dos parlamentares e que a decisão, apesar de não ter sido criada pelo Executivo, foi discutida com membros do governo como o ex-ministro da Secretaria de Governo e atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República Luiz Eduardo Ramos e o ministro da Economia Paulo Guedes.
“Eu gostaria que esse recurso, mais R$ 19 bilhões, estivesse em minhas mãos. Se o (ex-ministro) Tarcísio (de Freitas) com R$ 6 bilhões fez muita coisa, imagine ele com três vezes mais recursos no tocante a isso. Então isso aí é uma questão que, por vezes, você é obrigado a se curvar para o Legislativo”, afirmou o presidente ao ser questionado pelo jornalista do Estadão Marcelo Godoy.
O candidato à reeleição defendeu que ele teve o veto derrubado. Como mostrou o Estadão, a primeira tentativa de viabilizar o orçamento secreto foi realmente do Congresso e Bolsonaro a vetou.
O presidente, porém, recuou do próprio veto logo depois e encaminhou para análise dos parlamentares, em dezembro de 2019, o texto que criou o orçamento secreto. O projeto é assinado por Bolsonaro e a exposição de motivos que o justifica leva a assinatura do general Ramos.(Do Estado)