• A  “Nova polícia de Derrite”

    754 Jornal A Bigorna 23/02/2024 19:00:00

    A nova configuração da Polícia Militar de São Paulo, resultado da troca de 34 coronéis promovida pelo secretário Guilherme Derrite (Segurança), aponta para um possível recrudescimento na política de segurança do estado.

    Com as mudanças, os cargos mais importantes da instituição agora são ocupados exclusivamente por coronéis com experiência na Rota.

    Para especialistas ouvidos os movimentos do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) indicam uma opção pela força bruta em detrimento da inteligência policial. A gestão afirma que as alterações fazem parte da rotina da PM.

    A Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) é uma tropa de elite da PM paulista que ganhou fama pelo alto índice de letalidade em supostos confrontos com suspeito.

    Na nova PM de Derrite, até mesmo o comandante da Corregedoria tem passado rotariano (como seus membros são conhecidos). Para a função, foi nomeado o coronel Fabio Sérgio do Amaral que estava na Academia Militar do Barro Branco desde o ano passado, em outra troca de coronéis feita por Derrite.

    Na lista de ex-Rota, além do próprio comandante-geral da PM, Cássio Araújo de Freitas, que foi mantido no cargo, vêm os coronéis José Augusto Coutinho (nomeado para o subcomando-geral); Valmor Saraiva Racorti (para o Choque); e Gentil Epaminondas de Carvalho Júnior (para a Coordenadoria Operacional).

    Carvalho, como é chamado na PM, assume todo o planejamento e emprego de tropa no estado. Torna-se responsável pela organização de policiamentos de eventos como Carnaval, F-1, Operação Verão e visitas de autoridades. Pela importância da função, é considerado o número três da corporação.

    A lista de ex-Rota se completa com o coronel Pedro Luís de Souza Lopes. Ele deixa a Assessoria Militar da Secretaria de Segurança, ligada diretamente a Derrite, para comandar o Centro de Inteligência da Polícia Militar. O órgão realiza acompanhamento da conjuntura da criminalidade no estado e do crime organizado.

    Lopes, segundo coronéis ouvidos pela Folha, é um dos oficiais envolvidos em escândalo de escutas clandestinas na sede da Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, em 2017. Na época, ele era um dos capitães que trabalhavam na Assessoria Militar do Ministério Público.

    Conforme publicações da época, o oficial teria tomado conhecimento que uma sala da Divisão de Operações Policiais da Corregedoria estava grampeada ilegalmente, mas só repassou a informação a superiores dois meses depois. O episódio levou a queda dos capitães da assessoria da Promotoria.

    Sobre a investigação envolvendo Lopes, a Secretaria da Segurança diz que o caso foi investigado e arquivado. O oficial não quis comentar o assunto.

    "Em relação ao caso citado, ocorrido em julho de 2017, o comando-geral da Polícia Militar adotou as medidas administrativas cabíveis. Todas as circunstâncias relativas aos fatos foram rigorosamente apuradas, sendo o caso arquivado após a conclusão das investigações", diz.(Da Folha)

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